Alívio na economia estimula o setor da construção

Segmento retoma os empreendimentos

Por: Marcelo Santos & Editor &  -  12/01/20  -  22:47
Fernandez, da Enfazer: o investidor tinha expectativa de lucro rápido
Fernandez, da Enfazer: o investidor tinha expectativa de lucro rápido   Foto: Reprodução

Entre um empreendimento que será entregue e outro que será lançado, ambos neste início de ano, o construtor Gustavo Zagatto Fernandez, da Enzafer, dá ritmo aos negócios após a prolongada crise seguida de estagnação do País.


Fernandez lançará um projeto na Rua Euclides da Cunha, em Santos, com apartamentos de até 100 metros quadrados, após entregar o projeto da Rua Coronel Proost de Souza, de 22 andares.


“As pessoas querem investir em imóveis e sentimos do meio do ano passado para cá o aquecimento”, diz o ex-presidente da Associação de Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob).


O construtor segue a tendência do mercado de reduzir a dimensão dos apartamentos, “mas nem tanto”, lembra ele. Há empresários da região que lançaram imóveis com menos de 30 metros quadrados.


“As tendências são cíclicas. Há 30 anos em Santos se construía um por andar, depois o tamanho era de 150 metros quadrados e foi diminuindo. Mas tem público para vários formatos”, complementa ele.


No caso da região, Fernandez acha que o metro quadrado santista vai ficar mais caro e Praia Grande, com espaço para crescer, atenderá outras demandas.


Após uma oferta excessiva e depois uma crise que trouxe insegurança ao investidor, Fernandez acha que os preços vão subir gradualmente conforme a demanda – não como no início da década passada, em ritmo de foguete.


Assim como todo o setor da construção, Fernandez lembra o desafio dos distratos após o fim do boom imobiliário do início da década.


Muitos compradores fizeram investimentos pesados apostando numa constante valorização que não se confirmou. Outros foram atropelados pela desaceleração da economia e posterior recessão. A solução foi se desfazer da aquisição.


Impacto


Para Fernandez, o distrato se tornou um “inferno” para a construção. Com a necessidade de devolução dos recursos ao comprador, muitas empresas não tinham a liquidez necessária.


O empresário afirma que o negócio da construção é de longo prazo – da negociação para adquirir um terreno até a entrega da obra podem ser consumidos de três a cinco anos.


Entretanto, lembra ele, na época do boom imobiliário muitos investidores entraram no mercado com expectativa imediatista, de rápida rentabilidade.
“Houve uma valorização atípica em pouco tempo”, afirma Fernandez sobre o mesmo período em que as grandes construtoras abriram o capital na bolsa e o mercado cresceu muito aceleradamente.


“De forma desmedida, não se pensou que seria preciso pagar o que não fosse vendido”, conclui ele, apontando o interesse especulativo, o que estimulou o distrato.


Em muitas construtoras, o distrato chegou a atingir de 40% a 50% de um mesmo empreendimento. A legislação foi alterada após muita negociação no Congresso, com limites, como a construtora podendo ficar com 50% do valor total pago pelo imóvel.


Família


Segundo Fernandez, os negócios da família no setor começaram com o pai, que nos anos 1980 construía casas na Cidade Náutica e depois prédios, expandindo a atuação para Praia Grande e Santos.


A empresa, chamada antes de Zafer e com outro sócio, tornou-se Enzafer, onde Fernandez foi estagiário de Engenharia Civil. Ele também estudou Direito.


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