STJ decide que planos de saúde não são obrigados a cobrir tratamentos fora da lista da ANS

Em Santos, houve protesto em frente ao Fórum sobre a decisão

Por: ATribuna.com.br  -  08/06/22  -  17:11
Atualizado em 09/06/22 - 11:18
Manifestantes aguardaram votação na escadaria do Fórum de Santos
Manifestantes aguardaram votação na escadaria do Fórum de Santos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) votou na tarde desta quarta-feira (8) que os procedimentos de saúde da Agência Nacional da Saúde) passam a ser taxativos. Ou seja, empresas de planos de saúde não são mais obrigadas a cobrir tratamentos e procedimentos que não estejam na lista da ANS. A medida foi motivo de protesto em vários locais do País e em Santos, a manifestação ocorreu na escadaria do Fórum.


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A votação durou aproximadamente duas horas. Os ministros votaram por 6 a 3 em favor de que o rol de procedimentos passe a ser taxativo.


Os ministros do STJ Luis Felipe Salomão, Vilas Bôas Cueva, Raul Araújo, Isabel Gallotti, Marco Buzzi e Marco Aurélio Bellizze votaram a favor do rol taxativo. Nancy Andrighi, Paulo de Tarso e Moura Ribeiro votaram contra.


Com votação do STJ, planos de saúde não são obrigados a cobrir tratamentos e procedimentos fora da lista da ANS
Com votação do STJ, planos de saúde não são obrigados a cobrir tratamentos e procedimentos fora da lista da ANS   Foto: Arquivo/Agência Brasil

Entretanto, os votantes decidiram que tenha a possibilidade de exceções. Sendo eles, conforme discutido durante a sessão, terapias recomendadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), tratamentos para câncer e medicações usadas com prescrição médica para tratamentos que não constam na bula daquela medicação, chamadas de 'off-label'.


Anteriormente, a cobertura exemplificativa não se limitava a cobrir apenas o que está constado na lista da ANS. Com a decisão da adoção do rol taxativo, o Judiciário entende que o que não está na lista da ANS não precisa ter cobertura das operadoras.


A decisão abrange a cobertura de exames, terapias, cirurgias e até o fornecimento de medicamentos. Pacientes, pais e mães de crianças com deficiência acompanhavam de perto a decisão pois temem a interrupção de tratamentos caros concedidos por via judicial.


Inicialmente, a votação ocorreria em 23 de fevereiro, mas foi suspensa para esta quarta-feira após um novo pedido de vista.


Manifestações

A decisão era acompanhada de diversos lugares do Brasil, onde muitas pessoas, entre pais e profissionais de clínicas especializadas, aguardavam pelo resultado. Em Santos, dezenas de pessoas se reuniram na escadaria do Fórum, no Centro, para protestar contra a votação.


Organizado pelo Grupo Inclusão para Todos e pelas mães e ativistas Karina Lopes, Laís Tinelli, Fernanda Espírito Santos e Adriana Russo, diversos manifestantes se encontraram no local antes mesmo do início da votação. Lá, eles foram notificados sobre o resultado da decisão em Brasília.


"Acho que isso vai gerar muitos problemas, não somente de crianças diagnosticadas com autismo, mas, como pacientes oncológicos e cardíacos. Agora, com essa decisão, não tem possibilidade do paciente conseguir acesso a tratamentos, medicamentos, e procedimentos. que contam com valores absurdos", explica Henrique Carlos, um dos coordenadores do Centro de Reabilitação Neurológica Matheus Alvares (CMA). .


Segundo o coordenador, funcionários, demais coordenadores, pacientes e seus familiares marcaram presença no ato desta tarde. A expectativa era de que o rol taxativo não fosse aprovado.


"O rol taxativo é limitar o acesso das pessoas aos direitos à saúde. Fizemos um movimento muito grande dentro da comunidade das crianças autistas e demais pacientes. Na própria clínica, já estamos recebendo ligações de famílias perguntando que querem orientações se os filhos vão conseguir continuar na clínica ou não", completa.


Decisão deve afetar famílias que possuem crianças com deficiência, dificultando para um possível tratamento médico
Decisão deve afetar famílias que possuem crianças com deficiência, dificultando para um possível tratamento médico   Foto: Alexsander Ferraz/AT

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