Viver Bem: Paciente chama a atenção para o Dia de Combate ao Diabetes

Jenifer Pavani, de 39 anos, quer lançar livro para contar sua história de superação e conscientizar outras pessoas

Por: Nathália de Alcantara  -  14/11/20  -  16:00
Jenifer realizou o sonho de surfar sozinha logo na primeira vez que subiu numa prancha, já cega
Jenifer realizou o sonho de surfar sozinha logo na primeira vez que subiu numa prancha, já cega

Os anos de negligência no cuidado com o seu diabetes trouxe sequelas irreversíveis para a vida de Jenifer Pavani, a Jeny, de 39 anos. Só diante do medo de morrer, aos 21, ela resolveu mudar seu estilo de vida e se aceitar com a doença. Neste sábado (14), no Dia de Combate ao Diabetes, ela pede ajuda para publicar um livro com a sua história e poder sensibilizar e conscientizar outras pessoas.


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O diebetes atinge 13 milhões de brasileiros e é muito perigosa por ser silenciosa, normalmente sem sintomas até ficar grave.


Jeny descobriu seu diabetes tipo 1 em 1989, aos 9 anos, “Entrei em coma e fiquei cinco dias nessa situação. Eu estava com quase 500 de diabetes. Meu avô paterno já tinha morrido disso”.


A doença foi administrada até os 12 anos por sua mãe, que ajudava com a insulina e a alimentação restritiva. Isso até Jeny começar a sair sozinha e ter vergonha de mostrar que precisava de cuidados especiais.


“Isso tudo aconteceu na época que o Cazuza morreu de Aids e as pessoas diziam que eu ia contaminar os outros na escola com o diabetes. Eu queria parecer normal, então saía com o pessoal e fazia de tudo”, lembra.


Até que um dia, já aos 21 anos, a conta veio. Jeny foi parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desidratada. “Fiquei com medo. As pessoas ali só saíam mortes e, a partir de então, passei a fazer tudo certo. Foi algo muito assustador”, conta a pedagoga com pós graduação em psicopedagogia.


Por causa do diabetes, Jeny ficou cega do olho esquerdo e hoje enxerga 8% do olho direito. Descobriu ainda insuficiência renal, hoje com 35% de funcionamento dos rins, e tem feito exames para tentar um transplante a fim de evitar a hemodiálise. Uma tuberculose também a deixou com 60% da função pulmonar.


Reviravolta


A fim de ajudar outras pessoas Jeny escreveu o livro Vida que Segue, contando sua história. “Hoje em dia, é muito mais fácil lidar com a doença do que há 30 anos. Temos muitos recursos. Não precisamos andar por um caminho tão íngreme. Na minha época, era algo revoltante”, diz ela.


Apesar de um médico querer aposentá-la por invalidez, ela não desistiu e até passou em concurso público na Prefeitura de Santos
Apesar de um médico querer aposentá-la por invalidez, ela não desistiu e até passou em concurso público na Prefeitura de Santos

Apesar do médico querer aposentá-la por invalidez aos 25 anos, Jeny não aceitou. Prestou um concurso público e trabalhou na Secretaria de Esportes de Santos por 11 anos.


Lá, conheceu o surf e se viu capaz de aprender o que era um sonho. Também competiu como pessoa com deficiência por três anos no atletismo.


Por anos, ela correu na equipe de atletismo de pessoa com deficiência. Agora, quer seguir inspirando outras pessoas.
Por anos, ela correu na equipe de atletismo de pessoa com deficiência. Agora, quer seguir inspirando outras pessoas.   Foto: Arquivo Pessoal

“Quero motivar as pessoas por meio da minha história e chamar a atenção para a doença. A prevenção é o mais importante. Temos de lembrar que os médicos são nossos parceiros e devemos fazer o que eles orientam para ficar bem”, recomenda.


Quem quiser ajudar com a vaquinha do livro de Jeny pode acessar o link


A doença


 A falta de sintomas é um dos principais riscos do diabetes. Segundo endocrinologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Augusto Cezar Santomauro Junior, a doença pode ter complicações graves em quem não se cuida.


“Quando o paciente começa a sentir alguma coisa, normalmente já são muitos problemas aparecendo. Quanto mais cedo tratar, menores os riscos para a visão, os rins e o coração. Essa é uma doença que não pode esperar”.


A recomendação é que depois dos 45 anos seja feita uma pesquisa com coleta de exame de sangue a fim de detectar a glicemina no sangue. Antes dessa ideia, é bom estarem atentos pacientes com sobrepeso e fatores de risco, além dos que não fazem atividade física, têm pressão alta e já têm familiares com diabetes.


“Existe um caráter hereditário e genético. Quanto mais gente na família com a doença, mais chances de ter, principalmente nos familiares de primeiro grau. como pais, irmãos e filhos”, explica Augusto Cezar.


O especialista diz que, com mudança alimentar e atividade física, é possível mudar essa predisposição ao diabetes.


“Maior consumo de frutas e legumes, de frutas que não tenham tanto açúcar, evitar os ultraprocessados e praticar uma atividade física por 150 minutos na semana são fundamentais. Pode ser uma caminhada, uma bicicleta ou até alguma atividade em casa mesmo, por conta da covid-19”, recomenda.


Para o endocrinologista da BP, o diabetes não impede sonhos, viagens e esportes de aventura. “É preciso seguir uma rotina de controles, mas com orientação profissional é possível viver bem”.


Quem concorda com ee é o biomédico responsável pelo Cellula Mater, Carlos Eduardo Pires de Campos.


“O diabetes é uma alteração da taxa de açúcar que tem no sangue. O valor normal é de 99 até 119 mg/dl”.


No início deste ano, ele diz que foi feita uma campanha voluntária com 160 atendimentos à mulheres. Dessas, 58 apresentaram suspeita de diabetes e 35 não sabiam.


“Quando a pessoa tem excesso de açúcar, deixa que todos os órgãos trabalhem na força máxima”.


De acordo com Carlos Eduardo, as pessoas devem ter a prevenção sempre em mente e isso nem sempre acontece.


“Quando se tem campanha sobre o assunto, as pessoas vão fazer o exame como medicina preventiva, mas a maioria mesmo vai no Google para encontrar uma solução ou segue orientação de algum amigo ou familiar. Isso faz a situação ficar pior ainda”.


A partir de janeiro, a unidade do Miramar Shopping do Cellula Mater terá resultado de exames em até uma hora. Na lista dos 35 exames disponíveis estará o de diabetes.


“O Labexpress funcionará a partir do ano e que vem e o exame de diabetes será o nosso carro-chefe. A pessoa vai dar uma voltinha no shopping enquanto o resultado rapidamente fica pronto”, diz o biomédico responsável.


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