Viver bem: Descomplique a vida
Às vezes, nós mesmos complicamos as coisas e tomamos atitudes que só servem para bagunçar o dia a dia
Entre as voltas que a vida dá, o fato é que nem sempre é simples viver. Mas, às vezes, nós mesmos complicamos as coisas e tomamos atitudes que só servem para bagunçar o dia a dia, nos fazer perder o fio da meada dos próprios planos e dar um nó na saúde mental. Porém, ficar atento a si mesmo e mudar alguns hábitos são fatores que podem ajudar a descomplicar e trazer leveza para o cotidiano.
A psicóloga e coordenadora do setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Denise Pará Diniz Romaldini, nos convida a imaginar um baile. Nele, não é toda vez que podemos escolher a música que vai tocar. Agora o jeito de dançar, sempre fica por nossa conta. E entender isso pode ajudar a organizar melhor a vida.
"Diante dos eventos estressores, a forma como os enfrentamos é extremamente importante. Não é apenas o que você enfrenta, mas como o faz”, explica. Apesar das condições externas, ela garante que são as internas que carregam maior potencial de estresse ou de capacidade de solução. Por isso, dominar os pensamentos é meio caminho andado para uma vida mais descomplicada.
Encarar os problemas de frente, criar estratégias para enfrentá-los, estar aberto a possibilidade de ter que recalcular a rota e substituir a lamentação pela ação são pontos que podem fazer toda a diferença. E ao fazer isso, a dica de Denise é analisar e aplicar suas habilidades, mas deixando o perfeccionismo de lado. “Lembre-se que tudo é passageiro”, alerta.
Agora
Para Karina Mesquita, psicóloga, psicoterapeuta e consultora na área de Saúde Mental, outro aspecto que complica o dia a dia e ainda é uma das principais formas de adoecimento emocional é a dificuldade de manter a mente no presente.
“Quando nos prendemos ao passado, entramos num processo de lamentação daquilo que não foi feito, não foi possível e colocamos muita energia nisso. Essa é uma fonte importante de depressão. Por outro lado, temos o excesso de futuro que, de repente, vamos tentando controlar e prever, sem conseguir e isso é outro importante gerador de angústias”.
Conseguir viver no presente e colocar energia em questões que temos potencial para alterar é a melhor forma de empregar energia.
“Gosto sempre de nos comparar a uma pilha. A pilha tem uma energia limitada, assim como a nossa. À medida que colocamos energia em alguma coisa, vai faltar para outra”, relaciona Karina.
Por isso, é fundamental refletir sobre a energia que gastamos naquilo que efetivamente não temos gestão. Principalmente, quando se trata do outro. Porque essa energia vai faltar para resolver nossos desejos e cuidar das nossas necessidades”.
Nem pensar em se preocupar pelo outro
Gastar energia com o que é responsabilidade do outro pode ser uma fria. A psicoterapeuta e life coach, Eliana Barbosa, revela que é muito comum as pessoas, principalmente as mulheres, quererem assumir todas as responsabilidades e culpas daqueles à sua volta.
“Um grande erro que faz a vida ser um fardo demasiadamente pesado para se carregar. É preciso aprender e exercitar a palavra ‘não’ quando for necessário, sem se culpar por isso”, diz taxativa.
Segundo Eliana, muitas complicações e arrependimentos acontecem por falta de um “não” ou um “sinto muito, não posso...”.
“O grande segredo para ter leveza de alma e paz interior é entender que ninguém muda o outro, apenas a si próprio. Entenda que cada pessoa tem uma natureza e um momento próprio. Portanto, pare de sofrer pelo que poderia ter sido e não foi, e pelo que poderia ser e não é”, aconselha.
De tempos em tempos, Eliana diz que é importante olhar para dentro de si e observar como se tem vivido: simplificando ou complicando seus passos? Fazendo sua vida acontecer ou sentindo-se vítima dos acontecimentos? Vendo os outros com complacência ou com desconfiança?
“Conheço pessoas que acreditam que viver é muito difícil, muito sofrido, e quanto mais dizem isso, mais suas vidas se complicam. As palavras carregam energia, e a energia contida nas palavras que usamos mostra ao Universo nossas expectativas de sucesso ou de fracasso”.
