Por que perdoar a si mesmo é mais difícil do que perdoar o próximo? Para especialistas em comportamento, a dificuldade dessa missão tem a ver com, primeiro de tudo, aceitar que erramos, falhamos e negligenciamos. E assumir que isso aconteceu, aceitar e se perdoar são tarefas complicadas durante esse processo de ficar bem consigo.
Para a psicóloga Cassia Fernandes, perdoar é estar disposto a não estar preso emocionalmente a quem nos fez mal.
“O autoperdão é bem mais difícil, pois tem a ver com o quanto cobramos de nós mesmos e como vemos os erros que cometemos. Para muitas pessoas, errar significa ser incompetente e fraco”.
Ela explica que é importante ter humildade para reconhecer que falhou e focar no aprendizado da situação.
“O maior erro é cobrar de si uma postura impecável. Isso não existe. Um exemplo é ver a capacidade de aceitar que o outro não agiu de maneira apropriada, mas não conseguir ter a mesma postura quando você mesmo agiu de maneira incorreta”, diz Cassia.
A psicóloga Cristina Barbosa esclarece que a culpa é de fato um sentimento doloroso, mas ela traz aprendizado e estimula os crescimentos pessoal e emocional.
“É claro que não é fácil identificar e reconhecer erros, mas a reflexão é algo extremamente positivo. Ela permite que a gente mude nosso comportamento”, explica.
Evolua!
Não conseguir se perdoar tem faz mal para o corpo e para a mente. Cristina explica que é ficar preso em experiências passadas, em um momento que já passou e num círculo infinito de penitência.
“O sentimento de culpa deve transformar-se em aprensizado e não tirar a paz e a alegria de viver de alguém. O autoperdão é um jeito de evoluir e mudar esse cenário. Em casos mais graves, é possível inclusive desenvolver uma depressão”.
O psicólogo Fernando Santiago compara os sentimentos às ervas e plantas.
“Algumas pedem mais cuidados, mais atenção e outras precisam ficar longe para não afetar e até matar o jardim todo. Os sentimentos são assim também. Nós temos de estar atentos a eles e ao que causam dentro de nós”.
Para ele, as pessoas devem sempre tentar refletir e avaliar suas atitudes e pensamentos. Ainda que seja nas situações boas e tranquilas.
“É um exercício de análise e não precisa começar com situações complicadas. Quando elas aparecerem, você estará condicionado a avaliá-las da mesma maneira e terá um resultado eficiente. O fundamental é reconhecer suas próprias falhas e ver de que forma melhorar e lidar com elas. O caminho deve ser sempre a felicidade e a paz de espírito”, esclarece Fernando.
Veja como começar a praticar o autoperdão
- Seja menos crítico
Criticar a si mesmo incansavelmente traz uma série de consequências para o corpo e para a mente. Por isso, tenha sempre tudo bem resolvido com você mesmo.
A consciência limpa para conseguir seguir adiante com a sua vida tem a ver com operdão
- Deixe o passado no lugar dele
Não carrega culpa por algum erro cometido no passado. Lembre-se que nada disso poderá ser desfeito, mas fica o aprendizado
Já que não se pode consertar, não fique remoendo o que já ficou para trás
Essa é uma atitude que te trará paz de espírito, deixando a mente livre para o futuro
- Autoperdão x resignação
Identificar suas falhas e aceitar que está sujeito a erros é diferente de aceitar as coisas como ela são e achar que não pode fazer nada
Assuma ainda a responsabilidade pelos seus atos e entenda que, na época, você tomou a melhor decisão que poderia
- Julgue menos
A capacidade de avaliar as próprias atitudes com clareza, principalmente os erros, e conseguir melhorar atitudes futuras, deve ser um foco
Saiba que autojulgamento é diferente da autocrítica, já que é feito de pensamentos tóxicos e destrutivos, que te colocam cada vez mais para baixo. Isso certamente resultará em rancor e ódio de si mesmo
Use todas as suas atitudes negativas como exemplo para não fazer de novo a mesma coisa
- As consequências
Não se perdoar pode afetar o seu emocional e também o físico. Tudo isso pode resultar em dor de cabeça, dores musculares e cansaço
A falta de autoperdão pode ainda agravar doenças já existentes, como problemas digestivos, labirintite e distúrbios alimentares
Gatilhos emocionais para doenças psíquicas e sentimentais também podem aparecer, como ansiedade, síndrome do pânico e até depressão
- Exercícios mentais para ajudar no autoperdão
Diga a si mesmo: “estou ciente das minhas atitudes e não posso mudar meu passado. Por isso, me perdoo por tudo o que já fiz e prometo ser melhor a partir das experiências que vivi”
Liste seus maiores aprendizados e superações par aagradecer tudo o que já superou
Tire um momento do seu dia para si mesmo e passe a ver o que realmente importa