'Testes rápidos são futuro da Biomedicina', diz biomédico Carlos Eduardo P. Campos

CEO do laboratório Cellula Mater, e delegado regional do Conselho Regional de Biomedicina falou sobre os desafios impostos a esses profissionais pelo coronavírus

Por: Da Redação  -  20/11/20  -  11:08
Atualizado em 20/11/20 - 11:35
Carlos Eduardo P. Campos. Biomédico, delegado regional CRBM/ Baixada Santista
Carlos Eduardo P. Campos. Biomédico, delegado regional CRBM/ Baixada Santista   Foto: Erika Martins/Divulgação

A pandemia da Covid-19 virou do avesso a vida humana no planeta, impondo desafios a todos, seja para sobreviver ou também ajudar os outros a sobreviver. Neste segundo grupo, estão incluídos os biomédicos, que celebram nesta sexta-feira (20) o seu dia. A Tribuna conversou com Carlos Eduardo Pires de Campos, CEO do laboratório Cellula Mater, e delegado regional do Conselho Regional de Biomedicina, sobre os desafios impostos a esses profissionais pelo coronavírus. 


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal, GloboPlay grátis e descontos em dezenas de lojas, restaurantes e serviços!


A pandemia jogou mais luz sobre a importância da Biomedicina, uma vez que tem havido grande corrida aos testes para detecção da doença. Você também sentiu esse movimento de valorização da carreira? 


Sem dúvida. A demanda exigiu dos profissionais agilidade na entrega dos resultados e busca por exames que tragam alta sensibilidade e especificidade. A atuação na área continua exigindo muita dedicação a pesquisa. No caso atual, o conhecimento técnico exigido para escolha do teste de antígeno eficaz na detecção do covid. É fato público e altamente divulgado pelas mídias a comercialização de testes com percentual baixo de especificidade.


Recentemente, você escreveu um artigo de grande impacto, falando sobre a proliferação de locais de venda para testes rápidos de covid-19, inclusive nas farmácias. Você entende que há um risco para o paciente se não houver o acompanhamento de um profissional da área? 


Testes rápidos são o futuro da biomedicina, ou POCT (point of care testing),como é chamado nos Estados Unidos. Já estamos atrasados se comparado à vasta oferta de exames no exterior. O notável crescimento justifica que a Sociedade Brasileira de Patologia Médica tenha criado uma comissão de exames laboratoriais, para acompanhar a correta implantação e gerenciamento dessa tecnologia. Portanto, é preciso muita cautela ao autorizar que exames sejam comercializados em farmácia. Somente a análise de todos os fatores, feita por um médico, é o correto para se fechar um diagnóstico. Muitas vezes o exame é conclusivo, mas é preciso ter conhecimento técnico para emitir um laudo capaz de surtir efeitos e para isso será necessário um profissional habilitado. 


Muitas vacinas estão em andamento, aqui e em outros países. Você enxerga com otimismo essa avalanche de vacinas? Para a população que tem um certo receio da confiabilidade das vacinas por causa da rapidez que tem sido observada, que garantias de segurança é possível ter? 


Com muito otimismo. Até porque, um dos responsáveis pela produção de vacinas é o biomédico especializado na área de Imunologia. Esse profissional lida com o estudo de doenças infecciosas e de mecanismos de tratamento e prevenção de patologias. Com os avanços na Medicina, muitas das doenças comuns no Brasil e no mundo, deixaram de ser um problema por causa da vacinação massiva. Portanto, após estudos, testes e a aprovação pelas autoridades competentes não há razão para aquele leigo não reconhecer a legitimidade de uma vacina. 


Seu laboratório ampliou os espaços e os serviços para dar conta da maior procura por testes. E depois da pandemia, que cenário você vislumbra? 


Penso que as pessoas irão cuidar mais de si e de quem amam. Acredito em uma maior conscientização na prevenção. Foi vislumbrando esta evolução, que preparamos nossas unidades para dar vazão ao atendimento de qualidade que sempre nos destacamos. Temos ampliado os dias de atendimento em domingos e feriados e agora passaremos a funcionar até mais tarde. 


Há uma corrente de pensamento dentro da saúde que enxerga um exagero por parte de médicos nos pedidos por exames. Qual sua opinião sobre isso? 


Essa é uma afirmação que prescinde de muita cautela. Não se pode ser leviano, tão pouco negligenciar a saúde. É sempre melhor prevenir do que remediar. 


No Dia do Biomédico, que recado dar aos profissionais que também estão na linha de frente, expostos aos riscos de contaminação? 


Essa pergunta me fez recordar a oportunidade que me foi dada para expor minha visão no encerramento do Jornal Nacional, em 13 de agosto, quando disse que, após tantos anos de profissão, nunca esperei passar por essa situação. E, que se eu não me mantivesse atualizado e preparado, talvez não tivesse conseguido acompanhar eficazmente a demanda. Então, embora nossa profissão esteja em um exponencial de crescimento, é preciso que o profissional mantenha-se sempre atualizado, estudando e se dedicando.


Logo A Tribuna
Newsletter