Saúde: Ignorar pancreatite é uma péssima ideia

Se mal cuidada, a inflamação do pâncreas pode levar à morte

Por: Júnior Batista & Da Redação &  -  24/08/20  -  00:36
  Foto: Imagem ilustrativa/Pixabay

Deixar de dar a devida importância a um diagnóstico de pancreatite é uma péssima escolha por parte do paciente. Principalmente porque, se o processo inflamatório do pâncreas se agravar, pode levar à morte. O alerta é feito por médicos.


O pâncreas nada mais é do que uma grande glândula que fica na região do abdômen, atrás do estômago. Ela é responsável pela produção de hormônios importantes ao corpo humano, como a insulina e o glucagon, além de várias enzimas digestivas.


Quando esse órgão fica inflamado e surge a pancreatite, é importante notar se ela se manifesta de forma mais grave, o que pode fazer o paciente sofrer com os cálculos biliares, conhecidos popularmente como pedras na vesícula.


Há uma comunicação entre o pâncreas e a vesícula biliar. As enzimas digestivas produzidas por ele são armazenadas na vesícula, que as descarrega no duodeno quando ocorre a passagem dos alimentos por esta região, possibilitando a digestão das gorduras da nossa dieta.


“Eventualmente, podem surgir cálculos no pâncreas ou mesmo na vesícula biliar. Caso eles migrem à papila duodenal, que é o ponto de saída dos sais bilio-pancreáticos para a luz duodenal, e ali fiquem impactados, podem causar a pancreatite ou uma colecistite aguda”, explica o médico Nelson Marfil, especialista em endoscopia.


Em geral, estes quadros são considerados graves, sendo necessária rápida intervenção médica para tratamento.


Consequências


O médico cardiologista Luiz Octavio Lopes Abrantes, do Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos, explica que a inflamação no pâncreas pode complicar a produção de enzimas, afetar a produção de insulina e, com isso, acabar levando ao diabetes e problemas digestivos.


“Temos duas patologias a partir dessa inflamação: as pancreatites aguda e crônica. Na aguda, há cálculos na vesícula, podendo entupir o pâncreas e levando-o a uma autodigestão. Na crônica, os principais problemas são relacionados ao consumo excessivo de álcool”.


Sintomas


Normalmente, há dor em faixa, na parte superior do abdômen, associada a náuseas, vômitos e mal-estar. “O tratamento depende da gravidade da doença. Na aguda, há pancreatite dematosa, que é apenas uma inflamação leve, causando um pouco de inchaço e que normalmente se resolve em cinco ou seis dias”, diz Abrantes.


Nos casos em que o pâncreas acaba se digerindo, há uma necrose e até sangramento. “Pode levar à cirurgia, com alto índice de mortalidade”.


O cardiologista explica que as mulheres e os obesos são os que têm mais chances de formação de cálculos. Para evitar, é preciso tomar cuidado com a obesidade, manter uma boa dieta, fazer exercícios físicos e controlar os triglicérides. “No caso da crônica, obviamente, pouca ingestão de bebida alcoólica ajuda".


Endoscopia é o caminho para diagnóstico


Especialista em endoscopia, o médico Nelson Marfil diz qual exame é mais preciso para detectar este quadro. “A endoscopia digestiva alta pode eventualmente avaliar uma suspeita de cálculo impactado na papila duodenal, mas o exame mais específico para diagnóstico é a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE)”.


Neste procedimento, é passado um catéter pela papila duodenal, por onde é injetado um contraste que mostra em tempo real, por meio de um equipamento de raios X, toda a árvore biliar e pancreática, fazendo o diagnóstico de várias patologias, tais como cálculos, estenoses ou estreitamentos e tumores.


“A CPRE também pode permitir a remoção de cálculos impactados na região, evitando uma cirurgia. Outro exame que auxilia no diagnóstico é a ecoendoscopia, que nada mais é do que um aparelho de ultrassonografia adaptado a um endoscópio convencional”.


Segundo o médico, muitas vezes é necessária a extração da vesícula biliar devido à presença de cálculos na região. O procedimento, chamado de colecistectomia, é comum e pode ser feito por videolaparoscopia ou por via aberta. 


Após a retirada da vesícula, o paciente fica sem o reservatório para enzimas digestivas. Com isso, na ingestão de alimentos gordurosos, não haverá a liberação de sais biliares em quantidade satisfatória para digerir as gorduras da dieta, levando a constantes diarreias. “Outra patologia muito comum é a deficiência na absorção de vitaminas, em especial a D”.


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