O Governo do Estado pôs São Paulo em alerta para casos de dengue, embora a quantidade de pessoas infectadas neste mês seja menor que no mesmo período de 2018. A preocupação é com a circulação do vírus tipo 2. Na região, ele oferece menos risco, mas ainda preocupa especialistas.
Segundo a Secretaria de Saúde paulista, o Estado registrou, nos primeiros 15 dias do ano, 610 casos da doença. No mesmo período do ano passado,foram 888, umadiminuiçãode31%.
Apesar da queda, o que preocupa a secretaria é a circulação do vírus tipo 2. Ele já foi detectado em, pelo menos, 19 cidades das regiões norte e nordeste de São Paulo.
“Esse vírus tende a provocar casos clinicamente mais graves da doença em pessoas que já foram infectadas com os outros sorotipos”, diz o biólogo Horácio Manuel Teles, integrante do Conselho Regional de Biologia (CRBio-01).
As nove cidades da Baixada Santista registraram, neste ano, apenas um caso de dengue. Foi em Praia Grande. No mesmo período do ano passado, 25.
A quantidade de pessoas doentes, entretanto, pode aumentar, pois as cidades têm casos suspeitos, que aguardam confirmação do Instituto Adolfo Lutz.
Análise
Segundo especialistas ouvidos por A Tribuna, boa parte da população da Baixada é resistente ao vírus tipo 2, pois ele circulou fortemente por aqui em 2009, quando houve epidemia. Mesmo assim, afirmam que a dengue merece atenção.
“Em que pese termos tido a circulação desse sorotipo em anos anteriores, pessoas não expostas previamente, como crianças não nascidas na época e moradores recentes na região,estão suscetíveis. Dessa forma, eu realmente estaria atento se fosse responsável pela saúde da região”, afirma o médico infectologista Evaldo Stanislau.
Ainda segundo ele, embora não haja confirmação, Casos suspeitos de dengue têm sido registrados.“Inclusive com sinais de gravidade,na atual temporada.”
O também infectologista Marcos Caseiro se preocupa justamente com essa calmaria aparente quanto à dengue. Segundo ele, a doença costuma desaparecer por alguns anos e voltar ainda mais forte.
“O que a gente tem achado é que estamos tendo poucos casos na região pelo fato de já termos tido muita dengue aqui. O tipo 2 já circulou aqui em alta intensidade. A grande epidemia que tivemos em 2009, os casos graves, foram justamente pelo tipo 2”, lembra Caseiro.
Cuidados
Por isso, a população precisa evitar que o mosquito se reproduza. “A gente tem que continuar fazendo o que tem de fazer. Evitar criadouro é uma coisa permanente.”
A Secretaria de Saúde orienta a população a fechar bem tonéis e caixas d’água, fazer limpeza periódica em calhas, armazenar garrafas com a boca para baixo, usar tela em ralos, manter lixeiras tampadas, colocar areia nos pratos de vasos de plantas, lavar com esponja os bebedouros de animais e eliminar a água que fica acumulada em lajes.