Remédios para a doença de Parkinson evoluem

Doença ainda não tem cura, mas medicamentos podem controlar a maioria dos sintomas, como os tremores e a rigidez muscular

Por: Da Redação  -  28/07/19  -  18:29
  Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Os estudos sobre a doença de Parkinson não param, mas nenhum até agora conseguiu encontrar a cura para o mal ou mesmo determinar o que leva uma pessoa a desenvolvê-lo. A boa notícia é que os medicamentos para controlar os sintomas melhoraram e podem retardar a evolução da doença por muitos anos.


“O padrão ouro de tratamento ainda é a medicação. Ela substitui a dopamina que a gente produz e que está deficiente no Parkinson. É um medicamento antigo, mas que hoje tem formas melhores de apresentação, com liberação lenta, mais próxima à fisiológica [função natural do corpo]”, explica o neurologista Mauro Gomes Araújo, professor do curso de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes).


Segundo ele, existem avanços também na forma de identificar a doença. Embora o diagnóstico seja basicamente clínico, pelos sintomas que a pessoa tem, dois exames podem auxiliar o médico no processo. 


“O ultrassom transcraniano vê a densidade da substância negra do cérebro, que no parkinsoniano pode estar alterada. Outra possibilidade é a cintilografia cerebral usando uma substância química [como um contraste] que mapeia as áreas com deficiência de dopamina”, diz o médico. 


Araújo destaca que há modificações clínicas que precedem a doença na parte motora. “Por exemplo, perda de olfato, alterações intestinais e um distúrbio comportamental que ocorre durante o sono, deixando o indivíduo agitado. São alterações que, às vezes, ocorrem dez anos antes de descobrir a doença”.


Sinais de alerta 


Falta de equilíbrio, depressão, transtornos do sono e cansaço também podem surgir bem antes dos clássicos sintomas, que são rigidez muscular e tremor, da doença de Parkinson. Quanto mais cedo é feita a descoberta, melhor é para retardar o problema – geralmente, aparece em quem tem mais de 60 anos, mas pode surgir antes. 


A doença é neurodegenerativa e causada pela falta de dopamina, neurotransmissor responsável, entre outras funções, pelo controle dos movimentos, pela memória e pela sensação de prazer. 


De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 1% da população acima de 65 anos tem a doença. No Brasil, a estimativa é que ela acometa 200 mil pessoas. 


Além dos remédios, um acompanhamento multidisciplinar ajuda o paciente. A atividade física é importante, assim como fisioterapia e fonoaudiologia – já que, muitas vezes, a fala é comprometida. A alimentação também deve ser alvo de atenção.


Operação é indicada para alguns casos


A cirurgia, indicada para pacientes que já não respondem ao tratamento com remédios, é eficaz contra tremores e rigidez. A operação é considerada de baixo risco e tem um alto índice de sucesso, acabando imediatamente com esses sintomas. 


Trata-se da implantação de um pequeno eletrodo no cérebro da pessoa, ligado a um marca-passo (gerador) colocado acima do peito (dentro da pele) e que é responsável por mandar impulsos elétricos. 


O custo é alto, mas planos de saúde devem cobrir, se o médico atestar que é a melhor solução para o paciente. Na rede pública, o procedimento também já é feito. 


O neurologista Henrique Ballalai Ferraz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que houve evolução no procedimento. “Melhorou a técnica de instalação o dos eletrodos e a duração das baterias. O processo para o paciente não é tão problemático, com um dia de internação sendo suficiente”.


De acordo com ele, é realizado um cálculo, por meio de uma imagem de ressonância magnética, para colocar o aparelho no local correto. “Um programa localiza exatamente o ponto de instalação. Melhorou a precisão com a técnica de imagem”.


Baterias


As primeiras baterias duravam em torno de dois anos, mas hoje chegam a dez. Quando acabam, é necessária nova cirurgia para trocar o marca-passo. “Não há uma espécie de idade limite, mas, em um paciente com 90 anos, aumenta-se muito o risco e o benefício é pequeno, já que a expectativa de vida não é tão grande”, explica o especialista.


Ferraz diz que já estão em testes medicamentos para tentar conter as proteínas que fazem parte do processo degenerativo que leva ao Parkinson, mas ainda não há nada de novo no mercado.


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