Alguns dos sintomasclínicos provocados pela Covid-19 podempermanecer mesmo com a cura do paciente. Um dos quadros é a síndrome da fadiga crônica, patologiamarcada pelo cansaço intenso equetem como principal gatilho infecções virais. Apesar defalta de comprovação científica associando as duas patologias – que já é alvo de estudos na comunidademédica–,relatos de pacientes mostram que o novocoronavíruspode estar desencadeandoessa condição.
O médico emembro da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR),Diogo Domiciano,explica quea síndrome da fadiga crônica costuma aparecer após o corpo eliminar um vírus, fazendo com que dor e indisposição ainda permaneçam por um tempo.
Conforme ele salienta, oprocesso inflamatório decorrente de quadros infecciosos é capaz de alterar mecanismos do sistema nervoso central. “Isso modifica a percepção sensitiva ao ambiente, semelhante ao que acontece no indivíduo com fibromialgia. Dessa forma, o paciente se torna mais sensível”, diz.
Um levantamento realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostrou que, dentre os entrevistados que tiveram sintomas leves de Covid-19 e não precisaram ser internados, 35% continuaram com sinais da enfermidade por duas a três semanas depois da cura.
“Agora que a primeira onda de Covid-19 está retrocedendo em outros países, a literatura médica tem reportado vários casos de pessoas que persistiram com os sinais crônicos de fadiga após a infecção pelo novocoronavírus”, informa.
Domicianoorientaaos pacientes que venceram a Covid-19 e semantiveramcom fadiga(ou algum outro sintoma após a resolução),devemprocurar um médico.
O queé?
De acordo Domiciano, em geral, a síndrome é uma condição negligenciada e costuma ser confundida com doenças mais conhecidas.“Os sintomas são subvalorizados, atribuídos a problemas psiquiátricos ou questões psicológicas, mas é uma doença extremamente debilitante e que muitas vezes não é diagnosticada, nem tratada adequadamente”, aponta o especialista.
O cansaço físico ou mental da condição se difere do que normalmente sentimos por durar mais de seis meses e aparecer após atividades simples, como uma tarefa doméstica ou a leitura de um livro.“Além disso, pode haver alterações de memória, dificuldade de concentração e distúrbios do sono”, finaliza o médico.