Psicóloga alerta para ansiedade diante da expectativa para a vacina: 'Exaustão emocional'

Renata Persike diz que procura de pessoas com sintomas de ansiedade cresceu de forma considerável no litoral de SP

Por: Ágata Luz  -  08/01/21  -  11:29
De acordo com OMS, Brasil é o país mais ansioso do mundo
De acordo com OMS, Brasil é o país mais ansioso do mundo   Foto: Imagem Ilustrativa / Unsplash

O início de um novo ano traz consigo diversas formas de expectativas: são muitas metas e planejamentos. E em tempos de pandemia, a população se une na mesma esperança: a chegada da vacina contra a Covid-19 ao Brasil. Porém, a visão de “luz no fim do túnel” pode acabar prejudicando a saúde mental dos brasileiros, já que a espera para vacina se torna gatilho para transtorno de ansiedade, por exemplo.


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Formada em Psicologia pela Universidade Paulista de Santos, a profissional Renata Persike relata que a procura de pessoas com sintomas de ansiedade excessiva cresceu consideravelmente em seu consultório: “A ansiedade em si todos possuem, é algo normal do ser humano, porém, ela pode se transformar em um transtorno de ansiedade e gerar maior sofrimento por conta desta situação que estamos vivendo. Há muita gente sendo levada ao limite, trata-se de uma exaustão emocional tão grande que as pessoas estão adoecendo”, explica.


Renata Persike é formada em Psicologia pela Universidade Paulista de Santos
Renata Persike é formada em Psicologia pela Universidade Paulista de Santos   Foto: Arquivo pessoal

Segundo ela, a expectativa para a vacina desperta nas pessoas um misto de emoções. “Com tantas desinformações relacionadas ao assunto, ao mesmo tempo em que há uma esperança, existe um misto de alegria e medo. Quanto mais tempo as pessoas ficam no aguardo da vacina, maior é o período de angústia, estresse e ansiedade, o que inclusive aumenta o consumo de álcool e drogas”.


O fato de observar outros países recebendo a segunda dose do imunizante enquanto o Brasil está distante desta realidade também gera a sensação de abandono. De acordo com Persike, mesmo que ainda exista desconfiança em relação à vacina, todos querem ter a chance de voltar para suas rotinas o quanto antes. “Já para outras pessoas, o atraso da vacina no Brasil traz a sensação de segurança por não saber se é uma vacina segura ou não”, conclui.


Confira os cuidados necessários que a psicóloga Renata Persike aponta para driblar as armadilhas de nossa mente:


- Manter uma rotina organizada para diminuir o estresse do dia a dia. Pois quando há organização, se sabe o que esperar do dia, o que diminui a ansiedade e proporciona sensação de satisfação por cumprir o que precisava;


- Saber separar atividade profissional da pessoal, principalmente para quem está trabalhando em casa, porque é importante para não se sentir sobrecarregado e ficar com a sensação de que não está dando conta de nada;


-Filtrar informações sobre a pandemia ou sobre a vacina, sempre procurar fontes confiáveis;


- Cuidar da alimentação e praticar exercício físico é importante para manter o equilíbrio entre a saúde física e mental;


- Manter contato com amigos e familiares, entender que distanciamento social não é se isolar;


- Tirar um tempo para si próprio, uma forma de "recarregar as energias";


- Procurar ajuda profissional quando sentir que não está bem, pois pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de ser forte e estar se priorizando.


Janeiro Branco


Com objetivo de incentivar a reflexão sobre a saúde mental e emocional da população, o primeiro mês do ano forma a campanha Janeiro Branco. A iniciativa busca desenvolver ações que ofertam informações sobre o tema para a sociedade.


Vale destacar que segundo dados de 2017 da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. E em maio do ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou crise global de saúde mental por conta da pandemia da Covid-19.


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