Poluição atmosférica aumenta até três vezes o risco de infarto

Alerta da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo chama atenção sobre questões ecológicas no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta sexta-feira

Por: Por ATribuna.com.br  -  05/06/20  -  23:54
O alerta foi divulgado poucos dias antes do início da reunião anual da ONU
O alerta foi divulgado poucos dias antes do início da reunião anual da ONU   Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

A poluição atmosférica não provoca apenas efeitos na camada de ozônio ou o desenvolvimento de doenças respiratórias nos humanos. A alta concentração de dióxido de carbono (Co2) também afeta a saúde do coração. As emissões de motores à combustão de carros, ônibus e caminhões aumentam até três vezes os riscos de se sofrer um infarto, em comparação àquelas que vivem com o ar mais limpo. 


O alerta é da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), que eleva a atenção para o cuidado ambiental no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta sexta-feira (5). A data foi instituída em Conferência das Nações Unidas, em 1972, em Estocolmo, após encontros com lidenças mundiais para debater os impactos da poluição à sociedade.


O assessor científico da Socesp, Antônio Carlos Palandri Chagas, cita que que  estudos acadêmicos já demonstraram que a poluição atmosférica elevada pode competir com a própria fumaça do tabaco para os fumantes.  


Além de um maior risco para o infarto, a poluição pode causar doença pulmonar obstrutiva crônica, rinite, pneumonia, asma, bronquite asmática, câncer de pulmão e também estar relacionada com outros problemas de saúde, provocados ou agravados, como sarampo, acidente vascular cerebral (AVC), mal de Parkinson, Alzheimer, arritmia cardíaca, alterações de coagulação e na tireoide e até diabetes.  


“Muitas dessas novas doenças se deram pelo desmatamento e pelo avanço dos centros urbanos, acelerando a aproximação entre animais selvagens e humanos e a invasão de habitats naturais”, resume o advogado especialista em Direito Ambiental, Alessandro Azzoni. 


Dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) indicam que a liberação de agentes nocivos no ar foi 50% menor durante a primeira semana de quarentena obrigatória, que começou em 24 de março. O índice de poluidores que desencadeiam males respiratórios diminuiu em 30%.  


“Proteger o meio ambiente vai além de cuidar de rios e mares ou preservar florestas, como a Amazônia ou a Mata Atlântica. Deixar o carro em casa ou permanecer em home office, mesmo quando estivermos desobrigados da quarentena por conta do  coronavírus, são iniciativas que se aplicam para tentar manter os baixos níveis de poluição dos últimos meses, ganhando com isso bem-estar e qualidade de vida” lembra Chagas. 


O especialisa destaca um estudo alemão, publicado no final de abril na revista científica Science of the Total Environment, que revelou uma incidência maior de mortes por Covid-19 em regiões onde o índice de dióxido de nitrogênio (NO2), um dos principais poluidores atmosféricos, é mais alto. “O NO2 está associado à ocorrência de patologias respiratórias e cardiovasculares e daí a correlação com a doença provocada pelo novo coronavírus, que compromete preferencialmente as vias respiratórias”, completa. 


O cardiologista acrescenta que a pandemia de Covid-19 trouxe uma reflexão: “é possível usarmos menos os carros e ônibus nas grandes cidades e buscar alternativas que poluam menos, como ficar mais em casa ou usar transportes alternativos, como trem e metrô, bicicleta ou mesmo caminhadas, que tão bem fazem ao coração”. 


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