Pessoas em tratamento de câncer devem redobrar cuidados com a Covid-19

Segundo estudos, pacientes oncológicos são mais propensos a desenvolver sintomas graves caso sejam contaminados pelo coronavírus

Por: Sheila Almeida  -  14/04/20  -  01:43
Não só quem está em tratamento, mas quem mora junto precisa ajudar
Não só quem está em tratamento, mas quem mora junto precisa ajudar   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A pandemia de coronavírus pode mudar a rotina de tratamento das pessoas com câncer. Mesmo quem terminou quimioterapias e radioterapias nos últimos meses precisa de cuidado redobrado contra a doença.


Segundo estudos, pacientes oncológicos, principalmente os que passaram por transplante de medula óssea, estão em tratamento com quimioterapia ou têm neoplasias hematológicas (como leucemia, linfoma e mieloma múltiplo), são mais propensos a desenvolver sintomas graves caso sejam contaminados pela Covid-19.


Segundo o médico oncologista Carlos Dzik, clínico chefe da Oncologia da unidade de Pompeia do Hospital São Camilo, o risco de contágio é igual. Porém, como a imunidade é alterada pelo tratamento, essas pessoas podem desenvolver formas mais graves da doença. 


Especialistas indicam que nunca se deve interromper um tratamento sem consultar o médico, mas conversar com o próprio oncologista para definir se é possível diminuir idas ao hospital ou mudar o processo de recuperação é fundamental no período.


“Foram modificadas muitas das diretrizes de tratamento de câncer nessa época de coronavírus. É preciso discutir caso a caso. Por exemplo, tem paciente que pode substituir a quimioterapia tradicional pela oral. Ela fragiliza menos a imunidade da pessoa”, diz Dzik. 


Renovando a rotina


Como os efeitos dos tratamentos oncológicos permanecem no organismo durante em média seis meses após o término das aplicações, é importante que mesmo pessoas curadas tomem mais cuidado – prevenção que não se aplica só ao paciente, mas a quem mora junto, explica o infectologista Evaldo Stanislau.


Entre as recomendações já dadas pelo Ministério da Saúde, como usar máscara, higienizar sempre as mãos e evitar confinamentos ou saídas, ele destaca.


“A adesão precisa ser muito maior ao distanciamento social. As pessoas que puderem se manter fora do convívio externo precisam fazer isso, criando mecanismos para que comida, medicamentos e tudo o que é essencial chegue em casa”, diz.


Ele sugere uma nova rotina, deixando sempre à porta uma troca de roupa, calçados limpos e álcool em gel para quando for necessário sair e voltar. 


“Não é exagero. Se for preciso sair, o ideal é, na volta, aplicar o que chamo de câmera de descompressão: entra, tira a roupa e sapatos e coloca direto para lavar e higienize as mãos antes de pegar a roupa limpa. Ou, se tiver banheiro separado, fora, já vá direto para lá. São pequenas rotinas para incorporar”.


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