Pesquisa mostra preocupação com saúde de adolescentes

Levantamento, feito com 3.305 adolescentes entre 13 e 17 anos, mostrou que, enquanto 42,1% das meninas frequentam o ginecologista, apenas 3,5% dos garotos vão ao urologista

Por: Da Redação  -  16/03/20  -  16:20
Nada muda para os participantes inscritos em 2019
Nada muda para os participantes inscritos em 2019   Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Urologia apresentou resultados preocupantes e deixou clara a necessidade de adolescentes do sexo masculino terem outra postura em relação ao atendimento médico. Os benefícios disso? Prevenir doenças e garantir o início de uma vida sexual mais saudável.


O levantamento, feito com 3.305 adolescentes entre 13 e 17 anos, mostrou que, enquanto 42,1% das meninas frequentam o ginecologista, apenas 3,5% dos garotos vão ao urologista.

“A adolescência é um momento de dúvida, até com o próprio corpo. Tirá-las com um profissional médico pode fazer o jovem se sentir mais à vontade”, afirma o urologista Alfredo Félix Canalini, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Urologia.

Ele alerta que, além da necessidade médica, incentivar a ida dos meninos ao urologista pode ser o pontapé inicial para uma mudança cultural. As mulheres, afirma Canalini, têm o hábito de iniciar as consultas periódicas no ginecologista assim que entram na adolescência. “Essa postura é, de fato, um fator que impacta na expectativa de vida, que é maior entre elas”. 

Mudança Cultural 



De acordo com o também médico urologista Fábio Atz Guino, na maioria das vezes, os meninos só chegam ao urologista encaminhados, devido a algum problema. Mudar a cultura e fazê-los encarar as consultas como preventivas pode evitar doenças como varicocele, principal causa de infertilidade masculina. Além dela, tumores testiculares, inflamação na glande do pênis e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem ser diagnosticadas precocemente.

“É possível, também, ter uma conversa mais franca com os meninos, que geralmente são mais retraídos para falar sobre sexualidade”, considera Guino.

A advogada Michelle Luís Santos tem dois filhos: uma menina de 9 anos e um garoto de 14. E ela confessa que não sabia da necessidade de levar o filho tão cedo ao urologista. “A gente acaba associando a ida a esse especialista a homens um pouco mais velhos”, explica.
Para ela, a menstruação serve como um marco para iniciar as consultas das meninas no ginecologista. “Mas, no caso dos meninos, ficamos na dúvida. É importante nos informarmos e debatermos essa questão. Talvez eles cresçam mais atentos à saúde”.

Fora isso, Canalini explica que orientações simples podem fazer a diferença na vida dos garotos. “É importante falar sobre a higiene da genitália e como fazer a limpeza adequada para evitar, inclusive, um câncer de pênis”, detalha o especialista.


Consultas são o caminho para tirar dúvidas e ter orientação  

Quando pensamos na puberdade como um período em que o menino se desenvolve física e mentalmente, levando-o ao amadurecimento e ao aparecimento de características sexuais, como pelos, massa muscular, crescimento dos genitais externos e capacidade de gerar um filho, a importância de orientá-los fica ainda mais evidente.

“Durante essa transformação, o urologista pode orientar e identificar se existe alguma anormalidade física ou psíquica que possa interferir na vida adulta”, afirma Marco Aurélio Lipay, doutor em Cirurgia Urológica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O urologista, detalha ele, pode esclarecer dúvidas quanto a libido (desejo sexual), ereções, ejaculação precoce – se houver –, risco de gestações indesejadas ou mesmo de contrair as infecções sexualmente transmissíveis. E também sobre a importância do uso de preservativos.

“Podemos orientar o menino que ele deve conversar com seus pais e namoradas ou namorados sobre o tema, quebrando tabus sobre sexo. Orientar que, se houver uma relação sexual sem uso de preservativo e houver dúvida sobre o contágio de ISTs, deverá procurar auxílio médico imediato, visando testes rápidos e tratamento específico, se necessário”.

Um paciente bem orientado vai multiplicar essas informações no seu grupo de amizades e fortalecer sua confiança, evitando problemas futuros de disfunção sexual, gestação e doenças que possam mudar o curso de sua vida, avalia Lipay.

 


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