Paciência pode contribuir para uma melhor qualidade de vida

Papa Francisco chamou atenção nos fiéis após dar tapinha em mão de fiel que tentou puxá-lo pelo braço

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  04/01/20  -  19:15
Culpa é positiva quando gera mudanças na forma de agir
Culpa é positiva quando gera mudanças na forma de agir   Foto: Fonte: Canva

Ano novo e todo mundo pensa em vida nova e maneiras de ser uma pessoa melhor. Mas 2020 começou um pouco tenso. O vídeo do papa Francisco irritado, dando um tapinha na mão de uma fiel que tentou puxá-lo pelo braço viralizou na internet e trouxe um questionamento aos internautas: se o papa agiu assim, logo no começo do ano, como chegarei em dezembro?


Brincadeiras e internet à parte, o episódio traz à tona para a vida real o que o dito popular chama de virtude: a paciência. A qualidade de quem não perde a calma, espera com tranquilidade, mas que parece entrar em choque com uma realidade cada vez mais veloz e imediatista.


Apesar disso, dizem especialistas, ser uma pessoa paciente pode colaborar com uma melhor qualidade de vida e relações mais saudáveis.


“A paciência é, sim, uma virtude”, confirma a psicóloga Aretusa dos Passos Baechtold, do Instituto de Psicologia e Controle do Estresse Marilda Emmanuel Novaes Lipp. Para ela, ter paciência é um comportamento que melhora a saúde mental e os relacionamentos. E por mais que muitos queiram sair pela tangente dizendo que nasceram sem ela, Aretusa afirma que paciência se desenvolve.


O problema é que a sociedade exige do nosso cérebro rapidez, aceleração. Não temos tempo para mais nada e ficamos impacientes”, diz. E os reflexos disso também são sentidos nas relações pessoais, nas quais se tem cada vez menos ‘paciência’ para ouvir. E o preço a se pagar acaba sendo sobrecarga e falta de empatia.


“A paciência também nos permite distinguir o que é nossa necessidade e o que é a necessidade do outro. Que necessidade pode esperar para termos uma melhor convivência”, explica o doutor em Psicologia e professor da Unimes, Fabio Serrão Franco.


Se eu quiser sempre a minha satisfação, é impossível viver em sociedade. Então, é bom ter paciência para esperar a sua vez.


Humano
Apesar de ser positivo, é sempre bom ter em mente que não é possível ser paciente o tempo todo. E reconhecer isso é importante, como fez o Papa Francisco. “Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também. Peço desculpas pelo mau exemplo”, desculpou-se o pontíficie.


“Na nossa cultura somos ensinados a reprimir determinadas emoções. No entanto, a convivência social deve nos permitir, em certa medida, externalizar esses sentimentos. A raiva, o descontentamento, a tristeza, também são necessários para colocarmos limites e para não deixar que o outro realiza seus desejos em detrimento dos nossos”, avalia Franco.


Entender que esses sentimentos são humanos e saber administrá-los é fundamental para se viver melhor, afirmam os profissionais. A baixa tolerância a frustrações também pode levar à impaciência e prejudicar o dia a dia.


“É importante preservar essa qualidade, que não tem a ver com submissão. Você é submisso quando é passivo”, garante Aretusa.


Assim, saber lidar com as emoções – ainda que sejam raiva ou tristeza, por exemplo – nos ajuda a ter mais paciência. Viver no presente nos ajuda a ser mais paciente. Mas e quando isso não for possível e a bomba estourar?


“Identifique a perda de paciência como um sinal de alerta e tente observar o que deu errado. E no fim, faça como o papa: peça desculpas”, orienta Aretusa.


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