País registra mutação do vírus da gripe com potencial pandêmico

Em tempos de pandemia de coronavírus, a notícia de uma variação do vírus da gripe, o influenza A H1N2, causa medo justamente pelo potencial pandêmico. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que detectou um caso dessa doença respiratória, transmitida de porcos para humanos, no Paraná.

A infecção aconteceu em uma mulher de 22 anos, em abril. Ela mora na cidade de Ibiporã, trabalha num matadouro e já está recuperada dos sintomas de gripe que teve.

Apesar da ameaça de uma nova pandemia, especialistas no assunto garantem que não há motivo para pânico e que apenas 26 de pessoas infectadas foram detectados no mundo desde 2005. Um caso da doença já tinha sido detectado no Brasil em 2016.

O infectologista Jacyr Pasternak, do Hospital Israelita Albert Einstein, esclarece que ainda não há registros da transmissão dessa doença entre humanos.

"Essa mutação causa preocupação por conta do momento que estamos vivendo, mas a maioria das pessoas já possui anticorpos que servem de proteção contra ele, pois muitos tiveram alguma de suas variações e desenvolveram essa proteção”.

A comunicação à OMS, segundo ele, tem a ver com uma medida de cautela, pois qualquer vírus da gripe pode ser pandêmico. Ao mesmo tempo, segundo o especialista, também é fundamental conhecer variações de um vírus, até para definir quais cepas estarão presentes na vacina contra a gripe do próximo ano.

"A população precisa estar protegida e, justamente por isso, existe um monitoramento constante de situações desse tipo. Mas as pessoas realmente não devem temer o assunto. O coronavírus segue sendo nossa principal preocupação”.

Segundo a OMS, as infecções humanas por vírus de gripe de suínos acontecem principalmente pelo contato com animais infectados ou ambientes contaminados. No mesmo período, outro funcionário do local teve sintomas de gripe, mas ele não passou por exames laboratoriais.

Sintomas

Para a infectologista, especialista em vírus e pesquisadora Renata Santana, os sintomas são de uma gripe comum e as diferenças entre os tipos são detectadas por meio de exames.

“Essa variação foi detectada em uma situação muito específica e não há registro da transmissão entre humanos. Por isso, não há motivo para pânico”.

A prevenção dessa e de outras doenças, segundo ela, é bastante simples: lavar as mãos. “Hábitos simples de higiene, como lavar as mãos ao chegar da rua e evitar o contato com o rosto, são muito importantes e a melhor prevenção contra coronavírus, gripe e outras tantas doenças”, explica Renata.

Segundo o virologista Eduardo Ferreira, é absolutamente normal temer o desconhecido, ainda mais na situação atual de medo com relação à covid-19, mas concorda que ainda não há motivo para preocupação.

“Muitas mutações desse tipo acontecem em diversos lugares do mundo e isso não significa que todas se tornarão pandemia. Claro que o assunto pede atenção, acompanhamento e estudo, mas não é preciso terror com relação a algo relativamente comum na Medicina”.