Osteoporose afeta 30% da população de idosos

A doença diminui a massa do técido ósseo

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  26/05/19  -  22:36
Entre 2007 e 2017, a função de cuidador de idosos aumentou 547% no Brasil
Entre 2007 e 2017, a função de cuidador de idosos aumentou 547% no Brasil   Foto: Pixabay

A osteoporose é uma doença silenciosa. Apesar de não apresentar sintomas, ela afeta, em média, três a cada dez idosos. A maior parte das pessoas acometidas são mulheres, devido à menopausa. Trata-se de um problema metabólico dos ossos, que gera uma diminuição da massa do tecido ósseo. O osso deixa de ser uma estrutura com flexibilidade e rígido, ficando mais propenso às fraturas.


A médica ortopedista Erica de Gerard, no entanto, aponta outros fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose: histórico familiar; ter pele muito clara; sedentarismo; baixa ingestão de cálcio e vitamina D; fumar ou beber em excesso; baixo peso; tomar medicamentos, como anticonvulsivantes, hormônio tireoidiano, glicocorticoides e heparina, e apresentar doenças de base, como artrite reumatoide, diabetes, leucemia, linfoma. 


Erica diz que os locais mais afetados são a coluna, o punho e o colo do fêmur, sendo esse último o mais perigoso. “A doença geralmente é diagnosticada só após a ocorrência da primeira queda, pois os sintomas não são perceptíveis. É considerado o segundo maior problema de saúde mundial, atrás apenas das doenças cardiovasculares”.


Em jovens


O médico reumatologista Paulo Augusto Alambert ressalta que nem só os idosos sofrem com a enfermidade. “Crianças e adolescentes podem ter osteoporose se apresentarem fatores de risco.


A doença pode ser primária (sem uma causa evidente) e secundária (por enfermidades gastrintestinais, reumáticas, renais, pulmonares, endócrinas, alergia ao leite de vaca, intolerância à lactose, uso de certos medicamentos e imobilização prolongada)”. 


Diagnóstico 


Erica de Gerard explica que, após completar 50 anos ou depois da menopausa, é indicado que a doença seja investigada, mesmo sem registro de quedas. O histórico familiar de fraturas também é levado em consideração. 


Segundo ela, as pessoas devem ficar atentas às dores nas costas e à diminuição de estatura. “Que pode representar fraturas vertebrais da osteoporose”. 


“O principal método para diagnosticar a doença é a densitometria óssea, que mede a densidade mineral óssea da coluna lombar e no fêmur. O resultado é classificado como normal, osteopenia e osteoporose”. 


A osteopenia é o estágio anterior à osteoporose, quando o osso já apresenta perda de massa óssea entre 10% e 25%. “Detectada nesse estágio, pode-se evitar a doença com suplementos de cálcio e vitamina D”. 


Prevenção


Apesar de existirem suplementos para tratar a osteoporose, os médicos alertam: o melhor remédio são os bons hábitos desde a infância. “Antes de falar de suplementos, devemos preconizar a ingestão de cálcio pela dieta”, diz Alambert. 


Segundo Erica, as refeições devem conter boa quantidade de alimentos ricos em cálcio, como os laticínios, as verduras escuras, o gergelim, o feijão-branco e o tofu. 


“Funciona como uma poupança para a vida toda. Além disso, deve-se proporcionar, às crianças e aos adolescentes, atividades ao ar livre. Isso vai estimular o exercício físico, que fortalece o esqueleto em crescimento, e permitir a exposição ao sol para que ocorra a produção de vitamina D”. 


A médica ressalta que a atividade física em qualquer fase da vida tem um papel na prevenção da osteoporose e de fraturas. 


Tais ações, segundo a especialista, reduzem o risco da doença. Mas, mesmo com os cuidados, parte dos indivíduos vai ter osteoporose, pois a herança genética ainda não é modificável.


Forma de pensar e agir faz diferença


A postura e a atitude mental devem ser levadas em conta quando o assunto é osteoporose, segundo o médico geriatra Fernando Bignardi. Apesar disso, essas práticas são benéficas também para evitar outras doenças. Mais: uma pessoa ansiosa, insegura e distante da vida tende a se curvar para frente e isso pode levar à queda. 


“O paciente deve encontrar o seu eixo. Muitas vezes, a pessoa com mais idade que era o arrimo da estrutura familiar, quem fazia o almoço, recebia os netos, começa a cair por não cuidar da postura. Isso pode levar a quebrar ossos como os da bacia e do fêmur. Ou a pessoa entra em estado de depressão severa, nunca mais sai e morre anos depois”. 


O geriatra orienta que o principal plano de saúde que um idoso pode ter é o cuidado consigo mesmo, a partir da alimentação, do exercício físico e da atitude mental – como ele interpreta a realidade. 


“Fizemos um estudo com 140 idosos no bairro São Matheus, na periferia de São Paulo, onde oferecemos a meditação. Ela ajuda a resgatar a vida. Uma atitude mental alienada causa doenças crônicas. Na pesquisa, pudemos observar que o indivíduo que adota a prática muda de postura e resgata o eixo vertical”. 


Bignardi observa que o ideal é realizar meditação em dois períodos do dia por, pelo menos, 20 minutos. “Apesar de ser uma atividade sedentária (a pessoa faz sentada), notamos que os praticantes deixaram de ser hipertensos, diabéticos e percebemos, através de uma resposta clínica, que as dores nos ossos do corpo acabaram desaparecendo”. 


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