O que você vai ser quando se aposentar?

Muitas vezes esperada, essa nova fase da vida pode trazer um vazio perigoso à saúde; saiba como evitar armadilhas e viver plenamente

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  05/10/19  -  22:44
  Foto: Adobe Stock

Maria, secretária. João, dentista. E você, o que é? Bem provável, caso tenha menos de 50 anos, que a resposta esteja relacionada a sua profissão. Com aquela atividade que ocupa boa parte do dia, traz realização, mas também exige um bocado de paciência. Mas e depois, quando não estiver mais trabalhando? Quando chegar aquele instante que muitos duvidam que há de chegar? O que você vai ser e fazer quando, enfim, conseguir a aposentadoria? 


Apesar de ser muito aguardado, esse período traz armadilhas que quem já parou de trabalhar conhece. São comuns casos de tristeza e até depressão com a interrupção da jornada de trabalho. Até mesmo para os que quiseram e planejaram isso. 


“A tristeza após a aposentadoria é comum porque ela encerra uma fase importante da vida”, explica Elaine Alves, pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Instituto de Psicologia da USP. 


Como em um luto, ela representa a perda da identidade profissional, que é aquela que traz dignidade e para a qual muitos se prepararam durante a vida toda. 


“Então, a pessoa deixa de ser gerente, auxiliar, diretor, médico...títulos que carrega por 20, 30 anos para, no dia seguinte, ser aposentado”. Ou seja, no entendimento da sociedade, velho. 


Assim, conforme Elaine, o início pode ser festivo como um período de férias. Mas depois de um mês, é possível que a nova realidade desestabilize a pessoa. 


Dessa forma, diz a especialista, é preciso se preparar de várias maneiras para esse momento. “É preciso um grupo social, que não seja a família. A pessoa também precisa se preparar financeira, psicológica e fisicamente para que possa viver com qualidade. Senão, corre-se o risco de adoecer”. 


E a tristeza que surge quando a solidão aperta e os dias teimam em parecer todos iguais, pode se prolongar. E, de acordo com Elaine, esse sentimento tem potencial para ser um gatilho para doenças físicas como hipertensão, diabetes, câncer e também doenças mentais, fora a depressão, como pânico, ansiedade e as demências. 


“Por isso, é importante manter atividades intelectuais, leitura, uma rede social. Hoje nós ganhamos pelo menos 20 anos de vida. Dessa forma, a aposentadoria é um presente, porque você ganha tempo e liberdade para fazer o que você tinha vontade de fazer. Então é importante cuidar da saúde para aproveitar”, orienta Elaine. 


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