Mãe e especialista comentam sobre a importância do Dia Mundial do Autismo

Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), data é celebrada nesta terça-feira (2)

Por: Verônica Sampaio & De A Tribuna On-line &  -  02/04/19  -  15:30
O autismo afeta uma em casa 160 crianças. O grau pode ser leve, moderado, ou forte
O autismo afeta uma em casa 160 crianças. O grau pode ser leve, moderado, ou forte   Foto: Mayte Torres/Getty Images

Celebrado anualmente em 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 18 de dezembro de 2007 com o objetivo de chamar a atenção da população sobre o assunto. O primeiro evento foi comemorado em 2 de abril de 2008.


Professora, doutora e psicóloga, Sandra Lia Rodrigues conta que o autista tem necessidades como qualquer outra pessoa.


“Antes de analisar o autismo, temos que pensar nessa pessoa que já veio ao mundo marcada por uma diferença, exclusão. Quando você lida com o autista, principalmente no âmbito escolar, é necessário levar em conta que ele tem um funcionamento intelectual e cerebral diferente dos outros. Então como a sociedade pode ajudar? Desenvolvendo métodos, não no sentido pedagógico, mas formas e estratégias de entender o raciocínio do autista”, comentou a psicóloga em contato com A Tribuna On-line.


Sandra conta que o tema é bastante complexo, porque o autista tem uma forma de raciocinar diferente e precisa ser bem trabalhado (estimulado) no processo de inclusão. “Ele trabalha com pouca subjetividade. Uma piada, por exemplo, tem que ser bem explicada. Eu, enquanto cidadã que não pertenço ao espectro autista, tenho dificuldade em sair do meu mundo para entender o mundo deles. Então tenho características mais comprometidas do que o próprio autista. É mais fácil para nós do que para eles”, explicou.


Aceitar para ajudar


Segundo a psicóloga, após o diagnóstico confirmado do autismo, os pais precisam esquecer o que idealizaram antes do nascimento e se preparar para receber essa nova criança com amor e com a dignidade que ela merece. Sandra explica quais são os primeiros passos a serem tomados. 


"Além das psicoterapias, acredito que seja interessante que a criança seja acompanhada por fonoaudiólogos. Também é de extrema importância ter um acompanhante terapêutico, para desenvolver autonomia, ensinar o jovem a andar pelas ruas, ir ao shopping, fazer compras, estudar e ter uma vida normal. Porém, para tudo isso funcionar, é preciso que os pais queiram preparar o filho para se tornar um cidadão”.


Nadya e seu filho. O jovem faz cursos de inglês e programação de jogos
Nadya e seu filho. O jovem faz cursos de inglês e programação de jogos   Foto: Nadya Félix da Silva/ Arquivo Pessoal

Mãe conta que o autismo é “uma lição de vida”


Mãe de um adolescente autista, Nadya Félix da Silva, de 42 anos, descobriu o autismo do filho na escola. Segundo ela, a professora percebeu que a criança não se socializava com os colegas de sala de aula.


"Ela me orientou a procurar um neurologista infantil, meu filho tinha quatro anos na época. Foi de extrema importância ter descoberto cedo, pois procurei profissionais que ajudaram e ainda contribuem no desenvolvimento dele. Hoje, com 13 anos, meu filho é alfabetizado e se relaciona muito bem com os amigos. A semana dele é bem cheia, porque além das sessões de psicologia, neurologia e fonoaudiologia, ele vai para a escola e realiza cursos extracurriculares de inglês e programação de jogos”, disse a mãe orgulhosa.


Nadya não conhecia absolutamente nada sobre o assunto, e com o passar do tempo, adquiriu 'bagagem' para entender a situação e contribuir para a vida do filho e a própria. “Quando meu filho teve o diagnóstico passei a enxergar o autismo de uma outra forma e a me colocar no lugar desses anjos. Meu filho é um autista maravilhoso", revela a mãe, que alerta sobre a importância do Dia Mundial de Conscientização do Autismo.


“A sociedade cobra crianças perfeitas. Muitos não sabem lidar com essa condição. Divulgar e mostrar como lidar com as dificuldades dos autistas ajuda bastante. Muitos julgam achando que (os autistas) são mal educados por não responderem na hora, por não se relacionarem com outras pessoas, mas isso é uma dificuldade do autista. A pessoa que não entende a condição deles passa a julgar, digo isso por experiência própria. Ainda há muito o que ser feito, e geralmente o preconceito vem da própria família,  por isso muitas mães se isolam. É muito triste você ver seu filho não ser convidado para festas e outras coisas por ser 'diferente', isso machuca muito, completou.


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