Liberte-se do estresse; saiba como

É um mecanismo de defesa do corpo em momentos de tensão. Portanto, natural. Mas, em excesso, leva a doenças

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  16/11/19  -  13:31
Reviver e prolongar sentimentos de estresse pode resultar em reclamações constantes
Reviver e prolongar sentimentos de estresse pode resultar em reclamações constantes

Mãos suadas, coração acelerado, pupila dilatada, músculos tensos. O corpo humano desencadeia essas reações quando há necessidade urgente de adaptação. É o famoso estresse, mecanismo acionado desde que vivíamos em cavernas, como uma maneira de nos preparar para lutar ou fugir em caso de perigo.


Hoje, as adversidades são outras e os fatores de estresse se multiplicaram a ponto de colocar em risco nossa saúde. É o fantasma do desemprego, salário curto, trânsito engarrafado, as mensagens de política no WhatsApp da família... No olho do furacão, porém, é possível fazer escolhas que ajudam a se libertar do estresse. Pelo menos quando ele atinge níveis prejudiciais.


“O estresse é uma resposta fisiológica a qualquer estímulo que represente ameaça à integridade e sobrevivência”, explica Fillipy Borghi doutorando no Laboratório de Estudos do Estress [Labeest] da Universidade Estadual de Campinas [Unicamp]. Toda vez que o sinal amarelo acende, o corpo libera energia para a luta ou fuga. 


Antigamente, o estresse estava ligado à busca por alimentos, abrigo e proteção. Com as facilidades obtidas pela vida moderna, os estímulos estressores se transformaram e passaram a ter um peso psicológico maior. Assim, detalha Borghi, nosso organismo passou a interpretar situações como provas, problemas familiares ou no trabalho como gatilho para a resposta de estresse.


“É importante entender que sem isso, não seríamos capazes de acordar todo dia e enfrentar as necessidades diárias. O problema é que estamos recebendo estímulos estressantes o tempo todo sem gastar a energia que o corpo disponibiliza para enfrentar ou fugir”, alerta o especialista da Unicamp.


De acordo com o psiquiatra e tutor no curso de Medicina da Universidade São Judas em Cubatão, Sérgio Gemignani, nessa tentativa de pôr o corpo em alerta, o organismo libera hormônios como adrenalina, noradrenalina e cortisol. Em equilíbrio, eles são benéficos. Mas, em excesso, podem ter efeitos colaterais, servindo de gatilho para o desenvolvimento de doenças cardiometabólicas, como hipertensão e obesidade e, principalmente, psicológicas, como depressão e ansiedade.


É preciso agir de maneira diferente


De acordo com o psiquiatra Sérgio Gemignani, temos que avaliar diariamente como lidar com o estresse, eliminando a origem do problema ou administrando os sintomas. Aliás, há um termo técnico para isso: coping.


Coping são as estratégias cognitivas ou comportamentais para lidar com os desafios. Podemos tomar como exemplo, conforme Gemignani, um trabalho estressante.


Neste caso, é possível tentar aumentar o horário de lazer, fazer boxe para liberar energia e tentar diminuir os efeitos do estresse. Ou buscar um novo emprego que cause menos problemas.


“Quando falamos de estresse no senso comum, o termo técnico é o distresse (estresse excessivo), um estresse não funcional, não adaptativo. Isso acontece quando temos muita demanda e também quando temos pouca [e isso nos causa tédio]”, explica Marcelo Demarzo, professor do Centro Mente Aberta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


Nesse caso, diz, é preciso se conhecer e se observar. “Toda vez que nos sentimos ameaçados, desencadeamos uma reação, em geral, mediada pelo nosso estado emocional.” Por isso, segundo ele, é importante estarmos em equilíbrio para não reagir de forma impulsiva e errada.


Neste sentido, aconselha Demarzo, é bom termos ferramentas que nos deem melhor percepção e controle das próprias emoções. “Uma delas, que vem sendo muito estudada, é mindfulness. 


Ao treinar a atenção plena, consigo discriminar minhas emoções e padrões de pensamento e, nas situações de estresse, ter um comportamento mais adequado e menos impulsivo”.


Atividade física também é importante porque ela libera hormônios que ajudam a equilibrar e minimizar aqueles liberados por fatores estressantes.


Jennifer Guaraldi é terapeuta integrativa no Templo do Ser, espaço para retiros e bem-estar, em Ilhabela (SP). Segundo ela, a ioga pode ser uma aliada no combate ao estresse porque “libera seratonina e oxitocina, hormônios ligados ao bem-estar”. Ela afirma que a prática, com postura e respiração, estimula a produção desses hormônios e dá mais consciência à pessoa, o que ajuda a lidar com momentos de estresse. “A ioga tem diversas modalidades e pode ser praticada por todos”, garante.


Além disso, com uma filosofia que integra a pessoa, o outro e o meio ambiente, a ioga será útil para encontrar o equilíbrio e deixar o estresse na medida certa.


Logo A Tribuna
Newsletter