Especialistas falam sobre manter a saúde mental em dia na pandemia

Em tempos de isolamento social, manter pequenos prazeres na rotina ajuda a superar momentos críticos

Por: Matheus Müller  -  23/03/21  -  20:45
Ter fé e ser otimista são algumas dicas para lidar com novas restrições
Ter fé e ser otimista são algumas dicas para lidar com novas restrições   Foto: Matheus Tagé/AT

Covid-19, mortes, ocupação de leitos, restrições, perda de empregos e falta de recursos. Estas e muitas outras palavras têm dominado o noticiário há um ano e norteado a vida da população. De momentos de esperança ao atual cenário, marcado pela adoção de medidas mais rígidas para conter a doença, como o lockdown que começa hoje na região, o vírus tem feito vítima: a cabeça.


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“O risco sempre é da nossa ruptura mental e emocional. Sempre me pergunto o que é pior: a morte física ou psíquica? As duas são muito ruins. Portanto, a gente tem que se preservar”, diz a psicóloga Paula Carvalhaes, que aponta entre os sintomas, a ansiedade, depressão pela falta de esperança, desanimo, irritação.


Muitas vezes, segundo ela, a ansiedade causada por essa ruptura mental leva a quadros de falta de ar (confundido por alguns com covid), aperto no peito, taquicardia, sudorese e um catastrofismo para tudo. A psicóloga explica que o cérebro e as emoções precisam se adaptar a cada mudança. Para isso, é preciso avaliar os cenários e filtrar informações.


Otimismo


Paula ressaltava a importância da vacinação e o avanço da imunização para indicar que o caminho é de esperança. “O medo é só por causa da nossa insegurança em relação à situação. Temos que enxergar a luz ao final do túnel, o que é muito importante. Não mergulhar na escuridão do agora, porque vamos conseguir vacinar”.


A psicóloga clínica e colaboradora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Renata Maransaldi, aponta que, apesar do momento difícil, deve-se pensar “o que estamos aprendendo com isso” e “tentar enxergar o lado bom, que é olhar para quem está ao redor, na nossa casa”.


“A gente deve ser grato por ter saúde e estar com a família”, aponta Renata, que alerta sobre a necessidade de apoio a quem mora sozinho. "Se ninguém manda mensagem, você tenha a iniciativa de perguntar como o outro está. É sempre importante falar o que está sentindo".


Orientações


A psicóloga e diretora do Instituto Agir e Pensar, Valessa Dias de Oliveira, aponta que as orientações para esse momento são tentar manter uma rotina, alimentar-se bem, tentar praticar alguma atividade física, meditar e manter os contatos afetivos. “Precisamos manter pequenos prazeres. Não dá para fazermos tudo aquilo que a gente gosta, mas, por exemplo, se o café da manhã é um momento importante para você, priorize isso, não leia notícias nessa hora e faça desse um instante de pequeno prazer, ajudando a preservar um pouco nossa saúde mental”.


Ter fé


O reverendo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e membro do Movimento Inter Religioso pela Cidadania, Leandro Antunes Campos, orienta algumas práticas em meio à pandemia. “A primeira é a espiritualidade, que pode ser desenvolvida pela oração, leitura das sagradas escrituras e meditação. Deve ser feito logo no começo do dia e ao se deitar. Que esses cinco a dez minutos sejam minutos de pacificação, purificação e mentalização em coisas positivas”.


Outra é a prática da gratidão e do otimismo. "Em vez de buscar problemas em tudo, que a gente tente ver as soluções. Não existe problema sem solução". A terceira é fazer a caridade. "Estamos num período em que muitas pessoas estão desempregadas, passando fome e precisam de ajuda. Quem pode, deve praticar a caridade, levando o alimento, a medicação".


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