Especialistas afirmam: Pedras na vesícula merecem atenção

Principais sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças e são um complicador para quem sofre com cálculos biliares

Por: Sheila Almeida & Da Redação &  -  15/07/19  -  00:57
Fotógrafo santista diz que perdeu 15kg
Fotógrafo santista diz que perdeu 15kg   Foto: Irandy Ribas/AT

Obesos, pessoas com colesterol alto, que vivem no efeito sanfona, costumam fazer jejum intermitente e até as que emagrecem muito rápido têm mais chance de desenvolver cálculos biliares. Entre 30% e 50% dos pacientes não operados sofrem complicações mais graves devido à doença. Os números são do Ministério da Saúde para o problema que, apesar do apelido popular – pedra ne vesícula –, poucos entendem como se forma e muitos desconhecem os sintomas.


A dor, algumas vezes, confunde o paciente: muitos casos são assintomáticos e outros mostram dor leve, parecida com uma cólica. Ela pode começar no abdômen, do lado direito ou perto da boca do estômago. Depois, acaba irradiando para as costas.


Os sintomas ficam mais fortes se as pedras saem da vesícula – necessitando às vezes de cirurgia de urgência. Náuseas e vômito podem fazem parte dos sintomas, além de pele e olhos amarelados ou fezes esbranquiçadas, em caso de complicação.


Como acontece


A vesícula biliar é um órgão em forma de saco muscular, do lado direito do corpo, abaixo do fígado. Sua função é armazenar parte da bile, um líquido produzido pelo fígado para ajudar na digestão dos alimentos gordurosos no intestino.


Essa mesma bile é formada pela mistura de sais biliares e colesterol, responsável pela maioria da formação de cálculos.


Quando essas pedras impedem a passagem do fluxo da bile para o intestino há dor ou inflamação chamada colecistite.


O médico João Guido, professor auxiliar da cadeirado Sistema Digestório na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) e especialista em cirurgia e endoscopia, explica o problema atinge de 15% a 20% da população e é mais frequente nas mulheres a partir dos 40 anos. Mas homens e pessoas mais jovens em efeito sanfona, colesterol alto, obesos ou com disfunções hormonais também são alvo.


“Os pacientes que possuem níveis de colesterol muito altos sofrem mais. Imagine você colocar açúcar num chá. Quando coloca muito, ele não cristaliza embaixo? É isso o que acontece com a bile quando há muita gordura”.


Segundo o especialista, pacientes que perdem peso muito rapidamente também têm maior possibilidade de desenvolver o problema pela confusão causada no organismo.


“Quem faz jejum intermitente ou perde peso muito rápido muda o funcionamento do organismo e pode ocasionar um distúrbio na concentração da bile. É normal produzirmos entre 700 ml e 800 ml do líquido todo dia. Se isso muda, o corpo nem sempre se acostuma”.


Genética


Guilherme Antoniette, médico gastroenterologista de Santos, conta que apesar de 75% dos casos de cálculos biliares terem envolvimento com o colesterol alto, a genética é outro fator preponderante.


“Se há casos na família, o principal a fazer é uma dieta rica em fibras e pouca gordura. Além disso, ajuda manter o peso ideal para cada tipo físico, prevenir o aparecimento de diabetes e hipertensão, não fumar e sempre verificar o estado de saúde, principalmente mulheres que usam anticoncepcionais e fazem reposição hormonal continuamente”.


Segundo Antoniette, ao menor sintoma é preciso procurar um médico. Exames simples como uma ultrassonografia abdominal já indicam o problema.


Luiz Fernando precisou encarar cirurgia


Como os sintomas de pedra na vesícula nem sempre apresentam dores muito fortes no início, alguns pacientes são surpreendidos com cirurgias. Foi o que aconteceu com o fotógrafo e professor Luiz Fernando Menezes, de 53 anos.


Em abril, ele notou que já sentia algumas cólicas. No entanto, tomou um antigases por conta própria e deixou o problema para lá, afinal, a dor nem incomodava tanto assim.


Porém, o sintoma se repetiu algumas vezes, até a dor, num intervalo de três horas, passar de fraca a insuportável. No hospital, foi pedida uma tomografia e ele já ficou internado. Após alguns dias, foi operado.


O tratamento em casos de urgência é a remoção cirúrgica da vesícula biliar. A cirurgia, feita por videolaparoscopia com anestesia geral, geralmente exige apenas um dia de internação.


É comum que depois disso o paciente não conviva muito bem com comidas gordurosas – que passam a causar diarreia. Isso serviu para uma mudança de hábitos do fotógrafo.


“Foi o maior susto que tomei, mas o que parece ser ruim pode ser bom. Perdi mais de 15 quilos mudando as práticas alimentares. Antes comia muito embutido e gordura”.


Problemas mais graves


Entre os problemas que a pedra na vesícula pode causar, estão a colecistite aguda, quando um cálculo obstrui um ducto, causando inflamações e acúmulo de pus, peritonite (inflamação do peritônio, tecido que reveste a parede interna do abdômen) ou acúmulo de muco. Podem ocorrer perfurações) para o intestino delgado ou cólon causando obstrução intestinal.


Há risco ainda de inflamação no pâncreas; coledocolitíase, quando os cálculos ficam no meio do caminho e impedem a passagem da bile; além de colangite e papilites (inflamação das vias biliares. A mortalidade nesses casos é de 7 a 15%.


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