Escritora usa experiência de vida para ajudar casais inférteis

Denise Rodrigues publica versão atualizada de Socorro! Quero Ser Mãe, com uma coletânea de relatos tocantes

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  05/05/19  -  21:28
A jornalista e escritora recorreu à fertilização in vitro para ter a filha Chiara
A jornalista e escritora recorreu à fertilização in vitro para ter a filha Chiara   Foto: Rogério Soares/ AT

Com o Dia das Mães se aproximando, muitas mulheres que sonham com um filho, infelizmente, podem não ter motivos para festejar a data. Hoje, cerca de 8 milhões de pessoas são inférteis no Brasil, o que atinge 20% dos casais do País.


Além de sofrerem por não concretizar o desejo da maternidade, essas mulheres ainda sofrem todo o tipo de pressão e cobrança de pessoas próximas, o que traz mais frustração.


A jornalista e escritora Denise Rodrigues sabe o quanto essa situação incomoda. Há mais de duas décadas, ela passou pela experiência traumática de não conseguir engravidar de forma natural.


Depois de buscar sucesso nas mais diversas soluções, “das garrafadas ao espiritismo”, como costuma contar, ela conseguiu ajuda na ciência, com uma fertilização in vitro. 


“Mas foi uma angústia tão grande até chegar o nascimento, me senti tão sozinha nesse problema que resolvi fazer um livro para ouvir outras histórias e saber como outras pessoas lidavam com isso, e assim, tentar ajudar mulheres que passavam pelo mesmo drama”, lembra.


No livro Socorro! Quero Ser Mãe, lançado em 1999, Denise conta a história de 13 casais inférteis na luta pela maternidade. Agora, com a filha Chiara completando 21 anos, a escritora acaba de relançar a publicação, com atualizações e um capítulo inédito, no qual a filha conta como viveu sabendo que foi feita em laboratório e que isso resultou em um livro.


Tentativa


A professora Samira Gomes está vivendo a mesma ansiedade e usa a esperança para ir contra os números da Medicina. Aos 38 anos, tendo passado por dois abortos, sem uma trompa, estando na pré-menopausa e com trombose no útero, nesta semana ela vai passar pela experiência da fertilização in vitro. Para evitar a cobrança dos familiares, até agora ela mantinha em segredo o início do tratamento.


“Isso causa uma angústia muito grande. Sempre fui bastante cobrada. Até pela coisa de não criar expectativa nos outros, preferi não contar a ninguém o que vai acontecer”, comenta ela, que afirma que toda a situação fez com que ela e o marido ficassem mais unidos.


Mas não é o que acontece com todos. “Nas histórias que ouvi, teve casal que não aguentou a pressão e acabou se separando. É preciso muita coragem e fé para passar por isso”, observa Denise, que sugere também buscar o apoio psicológico, que foi fundamental para ela concluir o processo.


Idade avançada é o principal problema


“A infertilidade está crescendo a cada ano. E o motivo mais importante é o aumento da idade da mulher (quando começa a tentar engravidar)”, afirma a médica especialista em reprodução assistida Waleska de Carvalho. Ela explica que a partir dos 35 anos há uma queda drástica na fertilidade, e a idade do casal pode comprometer a qualidade dos óvulos e dos espermatozoides.


A médica elenca outros fatores que agravam a infertilidade: alimentação ruim, estresse e uso constante de espermicidas.


Waleska acrescenta que o problema não afeta só mulheres. Cerca de 30% dos casos estão relacionados às mulheres; 30%, aos homens, e 30%, ao casal. Nas demais ocorrências, não são detectadas as causas da infertilidade.


Para conseguir engravidar, ela aconselha primeiro que o casal tenha uma vida saudável. “Após 12 meses tentando engravidar sem uso de contraceptivos, é bom investigar”.


Entre as técnicas usadas está a fertilização. “Mas não há 100% de certeza de conseguir. Aos 40 anos, as chances da mulher são de 10% a 20%”.


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