Desvios na coluna podem ser evitados com diagnóstico precoce, afirma especialista

O principal problema é a hipercifose, desvio que deixa as costas arqueadas, o tórax retraído e os ombros projetados para frente

Por: Júnior Batista  -  16/02/20  -  13:59
Problema é apresentado principalmente por pessoas que têm mais de 40 anos
Problema é apresentado principalmente por pessoas que têm mais de 40 anos   Foto: Adobestock

É preciso ficar de olho na coluna. É o alerta que fazem especialistas no assunto. O principal problema é a hipercifose, desvio que deixa as costas arqueadas, o tórax retraído e os ombros projetados para frente. Mas existem diversos tipos. “Lordose, cifose e escoliose são as curvaturas da coluna lombar. Lordose e cifose são os nomes das curvaturas normais. A lordose lombar e cervical, curvaturas de convexidade anterior e cifose posterior da coluna”, explica o ortopedista do Hospital Albert Sabin de São Paulo, Rodrigo Vetorazzi.


De acordo com ele, dos desvios que são ligados à postura, a principal é a hipercifose dorsal e a menos comum é a hiperlordose (desvio da coluna na região da bacia, causando uma curvatura exagerada no local).


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No caso da hipercifose, a causa postural é maior, no entanto, não é exclusiva. O envelhecimento e doenças congênitas também agravam o problema. É o que aconteceu com a dona de casa Ana Marinho Ribeiro, de 71 anos. Além da hipercifose e escoliose, ela diz que possui hérnias de disco e artrose. “Dói muito, preciso tomar remédios diariamente. O pior é que hoje em dia são tantos problemas, que nem consigo mais diagnosticar todas as doenças”, diz.


Moradora de Itanhaém, Ana diz que o quadro se agravou de alguns anos para cá, quando começou a ter mais dificuldade de se locomover. “Quando eu ainda conseguia fazer ginástica ou andar de bicicleta acabava melhorando, não sentia tanto. Mas, conforme o tempo foi passando e as dificuldades aumentaram, fui deixando de lado os exercícios e só piorou a situação”, conta.


Segundo Vetorazzi, o ideal nos desvios associados à postura é que o diagnóstico seja feito precocemente. “Na hipercifose associada à postura, a correção postural, exercícios físicos para lombar, reeducação postural global (RPG) também está indicado”, diz.


Jovens


Entre jovens e mulheres, a preocupação deve ser logo cedo, na pré-adolescência. “Na escoliose Idiopática, como se desenvolve na pré-adolescência, pais devem ficar atentos ao desenvolvimento. Quando começa o estirão, as meninas são mais suscetíveis, por isso pais devem ficar mais atentos à ela. Exames clínicos ou multirões simples podem identificar o problema, principalmente assimetria de ombros”, afirma.


O médico também lista o Teste de Adams, na curvatura lateral do tronco, para verificar simetria das mamas nas meninas e rotação do tronco. “Nos casos mais avançados, pode causar até mesmo deformidade toráxica e insuficiência respiratória”.


Vetorazzi também diz que, na idade escolar, o diagnóstico é muito importante. Aos pais, ficam as dicas. “Evitar mochilas pesadas, fracionar conforme a aula, pois os adolescentes gostam de levar tudo na bolsa. Procurar usar mochilas com rodinhas também ajuda a prevenir desvios na coluna lombar, principalmente na época da adolescência”, completa.


Segundo ele, quando o desvio é menor, se o diagnóstico é feito precocemente, as chances de voltar ao normal são grandes. “Com o crescimento fica mais difícil porque torna-se uma deformidade rígida”.


Corrigir os costumes do corpo é a meta


O fisioterapeuta Fábio Akiyama afirma que, no casos dos problemas posturais, o mais difícil de tratar é a escoliose.


“Mas todas elas se tratam com fortalecimento muscular, alongamento, equilíbrio muscular. Vemos a necessidade de usar palmilha, corrigir uma perna curta verdadeira”, explica ele.


Akiyama diz ainda que, às vezes, a pessoa tem hipercifose porque é míope e não usa óculos, “anteriorizando” a cabeça para enxergar e precisa de óculos.


E também há os problemas conforme os hábitos da sociedade. “Como ficamos sentados, podem surgir desvios posturais ou esses problemas, como hiperlordose, hipercifose ou lordose. Digamos que fiquemos no computador 8 horas por dia. Com o tempo, vai-se adaptando, a pessoa vai encurtar abdômen e isso vai virando um costume”, diz.


Nos tratamentos, o fisioterapeuta afirma que busca melhorar aquilo a que o corpo já “se adaptou”. Se você se apoia muito num lado quando fica no computador, o corpo se adapta. “Fortalecer o que precisa fortalecer e alongar o que precisa alongar. Isso é uma forma de cuidar, para encontrar o equilíbrio novamente. Tanto a posturologia, fisioterapia ou osteopatia têm essa função”.


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