Dança atua como remédio contra estresse

Atividade aciona a produção de endorfina, dopamina e serotonina, hormônios que resultam na sensação do prazer e da felicidade

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  25/05/19  -  21:50
Aulas do grupo Bailando, de Praia Grande: 30 mulheres participam do projeto
Aulas do grupo Bailando, de Praia Grande: 30 mulheres participam do projeto   Foto: Rogério Soares

“Tinha uma depressão profunda. As pessoas falavam comigo e eu ficava cabisbaixa, sem motivação nenhuma para fazer qualquer coisa. Foi um período muito difícil, mas que, felizmente, ficou para trás”, conta a dona de casa Joana Gonçalves dos Santos, de 74 anos. A tábua de salvação para a situação que parecia um tsunami na vida dela foi a dança.


Quem a vê sorrindo e se movimentando nas aulas do grupo Bailando, de Praia Grande, não consegue imaginar que essa disposição não existia há três anos. “Hoje saio, me divirto, dou risada, ajudo os vizinhos. Sou outra mulher”, revela.


Assim como Joana, outras 30 mulheres participam do projeto, que começou timidamente como uma caminhada recomendada pelos médicos para combater hipertensão e diabetes. 


“Elas começaram a ficar cansadas das atividades e passaram a faltar. Eu quebrei a cabeça tentando achar uma forma de incentivá-las a continuar. Gravei a música Bailando, de Enrique Iglesias, (que deu origem ao nome do grupo) e coloquei para elas. Foi aí que começou a transformação. O grupo de oito pessoas começou a dançar e, desde 2014, ampliou e nunca mais parou”, conta a agente da Unidade de Saúde da Família (Usafa) Anhanguera, Sandra Maria Lira de Noronha, que é responsável pelas coreografias.


Ficou pequeno


O sucesso foi tão grande que o espaço da Usafa ficou pequeno para as atividades semanais do grupo. Hoje, as participantes, de todas as idades, se reúnem no Programa de Integração e Cidadania (PIC) Vila Alice.


Sandra afirma que mais do que as doenças crônicas que levaram essas mulheres para a dança, muitas, ainda que não soubessem, tinham sintomas de depressão. 


“Sem condições financeiras para atividades sociais ou com muitas responsabilidades com filhos e netos, elas nem percebiam o problema. Foi com a dança e as melhorias físicas e mentais, que elas se deram conta disso”, lembra a técnica que escolhe o repertório pensando na motivação e na capacidade de suas alunas.


“Eu tenho artrite, artrose e labirintite. Tem dias que eu não estou bem. Mas me disciplino e venho dançar. É impressionante como tudo melhora e volto para casa mais leve. A gente não acredita no que essa prática pode fazer pela gente”, festeja a dona de casa Ivanilda Maria Conceição de Souza, de 52 anos, que além das atividades no Bailando, começou a fazer aulas de zumba.


Química explica o bem estar


Como em qualquer atividade física, a dança aciona a produção de endorfina, dopamina e serotonina, hormônios que produzem a sensação do prazer e da felicidade, que se sobrepõem ao cortisol, que é aquele ligado ao estresse.


A dona de casa Maria Aparecida da Silva, de 57 anos, percebe isso no seu dia a dia. “Vim dançar por recomendação médica, para cuidar dos ossos, mas as expectativas foram além. Vivo mais alegre e passei a ter um sono bem melhor”, diz.


Para a psicóloga e professora de dança Carol de Gobbi, além da sensação de bem-estar dada pela liberação dos hormônios, a dança traz outros benefícios.


“Na dança, você exercita a memória, por exemplo, quando tem que lembrar de uma coreografia. Numa dança como o Stiletto, se trabalha a sensualidade e a autoconfiança da mulher”, lembra ela, que ainda destaca a dança de salão que faz muitos perderem a timidez e aumentar a interação social.


Ela afirma que a dança é democrática e basta a pessoa escolher uma que mais a agrade. “Não há limites como peso, altura, se é homem, mulher, idoso ou criança. Qualquer um pode fazer. Só tem que saber do que realmente gosta”, orienta.


Para o programador cultural do Sesc Santos, José Osvaldo Teixeira Junior, a prática da dança pode ser comparada a uma terapia e prepara as pessoas para enfrentar várias situações da vida. “Quem dança, sempre tem uma resposta rápida a cada movimento do parceiro. Essa ação imediata nos prepara para uma reação rápida quando ocorre uma adversidade na nossa da vida”, avalia.


Onde praticar


Todas as prefeituras da região oferecem modalidades de dança para o público em geral. Outra opção para quem quer ver qual seu estilo favorito é aproveitar aulas experimentais gratuitas que muitas academias oferecem. 


Dia do Desafio


Na próxima quarta-feira (29), no Dia do Desafio, o Sesc Santos dá oportunidade para que a população faça aulas de dança circular, ritmos latinos (merengue, salsa, cha-cha-cha, rumba e zouk), ritmos culturais brasileiros (samba, forró, frevo, maracatu e baião) e dança de rua. As atividades gratuitas acontecem no Parque Roberto Mário Santini, no José Menino, em Santos, a partir das 8h.


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