Covid-19: Embate leva imunização ao STF

Supremo pode autorizar a obrigatoriedade da vacina contra Covid-19; disputa ideológica prejudica imunização, afirmam especialistas

Por: Maurício Martins  -  27/10/20  -  16:27
No sábado (8), o país registrou 841 mortes pela Covid-19 confirmadas nas últimas 24 horas
No sábado (8), o país registrou 841 mortes pela Covid-19 confirmadas nas últimas 24 horas   Foto: Imagem ilustrativa/Estadão Conteúdo

Uma vacina contra a Covid-19 que tenha eficácia comprovada e seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode se tornar obrigatória no País. Partidos políticos já acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para que isso ocorra e, também, para que o Governo Federal seja obrigado a colaborar financeiramente com toda vacina que se mostre promissora. 


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Nos bastidores, os ministros do STF se mostram favoráveis às medidas, embora ainda não exista decisão a respeito. A possível judicialização da vacina é uma resposta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que se recusa a investir na CoronaVac, vacina chinesa que está em testes no Brasil em parceria com o Governo do Estado de São Paulo. Especialistas ouvidos pela Reportagem dizem que a disputa ideológica sobre a imunização só prejudica os brasileiros. 


Para o infectologista Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a vacina não é só para proteção de uma pessoa, mas para toda a sociedade, principalmente para cidadãos sob maior risco. 


“Temos que ter essa responsabilidade social. Acima de tudo, todas as vacinas têm que passar por metodologia adequada para ter sua aprovação, com segurança e eficácia. Elas precisam ser publicadas, analisadas por pessoas independentes e ter sua aprovação, inclusive da Anvisa. A partir do momento em que tenhamos vacinas adequadamente analisadas e aprovadas, devem ser instituídas no Programa Nacional de Imunização “, diz Otsuka. 


O infectologista lembra que já são mais de 150 mil mortes por causa do coronavírus no Brasil. “Não podemos deixar que esses números continuem aumentando, temos que ter uma medida social e educativa. Não devemos pensar em questões políticas. Não podemos mais brincar com a vida dos nossos pares, precisamos da vacina. Não só por mim, mas por todos.” 


Para a infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da SBI, a polarização política em relação à vacina é prejudicial. “Quando não respeitamos a ciência, pagamos alto por isso. É obrigação do gestor da nação ter uma verba destinada a compra de vacinas que se mostrarem seguras e eficazes. Todas as que forem aprovadas.” 


Ela lembra que qualquer vacina pode ter efeitos adversos. “Isso é possível acontecer numa vacina. Mas, se o estudo de fase 3 mostra que uma vacina é segura e eficaz e nós optamos por não vacinar, quem vai pagar pelos óbitos que acontecerão de pessoas que poderiam estar protegidas?"


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