Covid-19 eleva mortes por problema respiratório em 38,08% na Baixada Santista

Detectada com exames como o PCR, doença se tornou uma preocupação a mais a profissionais de saúde da região

Por: Matheus Müller  -  02/02/21  -  22:40
Aumento na região foi de 38% em um ano
Aumento na região foi de 38% em um ano   Foto: Matheus Tagé/AT

O número de mortes por causas respiratórias cresceu 38,08% na Baixada Santista em 2020. O levantamento da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP) revelou 5.742 óbitos em 2019, ante 7.929 no ano passado. Especialistas apontam que o crescimento tem relação direta com a covid-19, mas destacam que muitas das vítimas, possivelmente, já apresentavam problemas respiratórios.


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A diferença de mortes entre os dois anos analisados é de 2.187 pessoas. Em 2020, foram registradas 2.899 perdas por covid-19. Os números resumem o momento da pandemia, mas, de acordo com o médico pneumologista Rui Coelho Pereira, é preciso ter cautela ao analisar os dados.


“O número é extremamente confiável, com ressalvas. Hoje em dia, o indivíduo morre de covid-19, principalmente, porque tem comorbidades. É a pessoa que tem covid e diabetes, covid e hipertensão, covid e obesidade (...). O que acontece: ninguém escreve que morreu de cetoacidose diabética ou de hipertensão. Por ter covid e mais alguma coisa, todos colocam covid”.
O médico acredita, portanto, que essa situação eleva os registros de covid-19 em detrimento das demais causas de mortes, como insuficiência respiratória, pneumonia e septicemia - que apresentaram queda de registros ano passado.


“Acredito que as outras doenças tenham os mesmos números registrados no passado, e que a covid-19 veio a acrescentar um dado a mais, que se destaca nas estatísticas. É muito sabido que o que coloca o paciente no hospital é a comorbidade”, diz Pereira.


A infectologista Elisabeth Dotti concorda em partes com Pereira. Segundo ela, ainda existe uma subnotificação de mortes por covid-19. “Vimos muitos casos (de não registrar como coronavírus) porque não quer se comprometer, porque é negacionista”.

Ao mesmo tempo, ela entende a posição do pneumologista sobre as demais doenças continuarem matando e servindo como gatilho para a covid-19. “Você imagina: o idoso, que já possui um problema respiratório, tem um fator de risco para contrair covid e ir a óbito. Abriu um leque, agora existe uma preocupação a mais (coronavírus)”.


Idosos
Elisabeth lembra que a gripe continua matando idosos, e que problemas respiratórios são comuns em pessoas com mais idade. “Você veja que o Ministério (da Saúde) divulgou novas faixas de vacinação e já colocou os idosos no começo”.


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