Coronavírus: Saiba como não 'surtar' diante da pandemia

As emissoras de televisão, nos últimos dias, vêm alterando a grade de suas programações por causa do surto mundial do novo coronavírus. Nas redes sociais, nos almoços familiares e em grupos no WhatsApp quase não se fala de outro assunto senão Covid-19. Em tempos de pandemia e de prevenção à proliferação do vírus, é difícil ficar alheio ao que está acontecendo. Porém, ficar bitolado em informações sobre o tema pode até prevenir que a doença seja contraída, mas pode, em vez isso, fazer a mente adoecer.

Isso é o que alerta a psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental Valéria Christina de Souza Santos. Segundo ela, o mundo está vivendo uma situação de estresse coletivo diante dos casos confirmados de pessoas infectadas pelo coronavírus e também do medo do contágio. Mas como não "surtar" com o bombardeamento de notícias e o número de doentes subindo no Brasil?

A dica que Valéria dá aos seus pacientes é que eles selecionem dois períodos no dia para se informar melhor sobre o novo coronavírus, e não mais do que isso. "Se você ficar conectado o tempo todo, acaba tendo um efeito mais estressor ainda. É importante estar bem informado, mas sem o excesso. Existem algumas informações que são repetidas, e isso acaba tendo um efeito contrário do esperado. Acaba sendo nocivo e traz um efeito mais ansiógeno ainda", comenta ela em conversa com ATribuna.com.br.

Embora todos estejamos frente a esse estresse, pessoas que já são portadoras de alguns transtornos mentais e emocionais tendem a ter seus sentimentos e práticas fortificados em períodos como este. Dois exemplos são os hipocondríacos e pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), que têm uma extrema preocupação com suas saúdes, com limpeza e higiene pessoal.

"Se faz importante um cuidado, uma supervisão maior, para que não haja um excesso e não crie-se uma situação de maior pânico, maior desorganização mental. É preciso dar continuidade ao tratamento psicológico, ao uso das medicações, a todo o amparo que a pessoa já recebe, ou, se não recebe, deve procurar ajuda", aconselha a psicóloga.

Para que seus pacientes não saiam de casa e corram riscos, Valéria já vem realizando atendimentos online, assim como muitos profissionais de sua área pelo Brasil. Inclusive, as consultas psicológicas à distância são uma diretriz do Conselho Federal de Psicologia, como lembra a especialista. Portanto, para que não interrompam seus tratamentos, as pessoas podem solicitar essa forma alternativa de serem atendidas.

Estou em casa. Como posso me distrair?

O Ministério da Saúde adverte que pacientes diagnosticados com Covid-19 devem ficar isolados, enquanto pessoas que voltaram há pouco tempo de viagem internacional, mesmo que não apresentem sintomas, são aconselhadas a ficar confinadas por uma semana. Já para os que não tiveram contato com nenhuma pessoa com a enfermidade e que esteve em áreas de maior risco, como a Itália, se recomenda que fique em casa o máximo que puder.

Muitas empresas já estão adotando o regime de home office, para que seus funcionários trabalhem remotamente. Para muita gente, no entanto, não poder sair para trabalhar ou por lazer é sinônimo de ócio. Mas, de acordo com Valéria, é possível transformar a experiência de permanecer em casa em algo positivo. Veja algumas dicas do que fazer para se distrair:

• Assista a filmes;
• Coloque suas séries de televisão preferidas em dia;
• Acompanhe seus programas televisivos de entretenimento favoritos;
• Capriche na leitura;
• Faça jogo de palavras cruzadas;
• Aproveite para estreitar o relacionamento com seus familiares;
• Faça aquela arrumação na casa que você estava postergando;
• Escute música;
• Converse com amigos e pessoas queridas por vídeoconferência;
• Use a internet para aprender algo novo, como o básico de um novo idioma;
• Se exercite para cuidar da sua saúde física e mental.