Caminhada estimula os músculos para a vida

Atividade ajuda a regular o metabolismo do corpo

Por: Gustavo T. de Miranda & De A Tribuna On-line &  -  02/02/19  -  20:57
pessoas caminhando na beira do mar em Santos
pessoas caminhando na beira do mar em Santos   Foto: Guilherme Dionízio / Estadão

São 30 minutinhos para a vida. A prática de caminhadas regulares tem se revelado uma importante aliada de pessoas que buscam viver com qualidade. Estudos recentes sobre exercícios frequentes indicam que o impacto deles no cotidiano de quem pratica é para lá de positivo.


As pesquisas mais recentes indicam, por exemplo, que a prática frequente de caminhada faz com que os músculos — sobretudo os da perna, que são os que mais trabalham quando se anda — desempenhem a função de regular o metabolismo do corpo.


O endocrinologista Paulo Maccagnan, professor do curso de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), explica que as descobertas indicam que a atividade moderada frequente faz com que o músculo atue como um órgão endócrino. “Além da parte mecânica da função deles, de locomover para lá e para cá, o músculo produz substâncias que agem em outros locais. Por definição, isso é como se fosse um hormônio”, relata.


Na prática, os músculos, quando acionados de maneira regular (e sem excessos) produz substâncias conhecidas como interleucinas — há vários tipos e elas interferem e regulam o metabolismo. “Se você faz uma caminhada rotineira, terá um consumo de glicose muito maior. Se você é um paciente diabético, a glicemia vai ser mais controlada, a caminhada vai consumir esse açúcar”.


Liberdade para comer
O que o médico está querendo dizer é que o músculo pode até dar liberdade para o indivíduo comer um pouco mais, porque a atividade muscular tem capacidade de agir contra o excesso.“Se a pessoa tem a glicose sobrando, você está diante de um paciente diabético ou pré-diabético. Quando o músculo é ativado numa caminhada rotineira, o trabalho no pâncreas para consumir essa glicose vai ser poupado. Há um controle do açúcar muito melhor”.


“Quando a gente compara um paciente diabético que faz exercício com aquele que não faz, o primeiro, geralmente, está tomando menos medicamento e menos insulina”,argumenta.
É que as interleucinas agem em outros órgãos e regulam o metabolismo – para o bem. “A gordura faz isso para o mal, influenciando e desencadeando processos inflamatórios, por exemplo. O músculo regula isso positivamente”.


O especialista argumenta que a caminhada é o exercício ideal para pessoas que vivem com diabetes, com pressão alta, pacientes com algum risco cardiovascular. “Traz benefícios até mesmo na parte psicológica. O exercício gera substâncias que atuam diretamente no bem-estar, no humor”.


Moderação
O especialista adverte que é preciso ter cuidado para não sobrecarregar o corpo, inclusive na produção das substâncias — em excesso, elas podem desregular o organismo. “A gente está falando de exercícios apropriados para o indivíduo na faixa etária dele. Se você fizer um exercício muito intenso ou muito duradouro, pode ter o efeito contrário”.


Para ele, um exemplo se dá quando uma mulher começa a correr maratona, que requer treinamento intenso. “Tem aquelas que deixam de menstruar com regularidade. Isso acontece porque é um nível de atividade física que está causando estresse ao organismo”.


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