O taxista João Henriques, 59 anos, tinha 9 naquele 20 de julho de 1969. Nascido em Belém do Pará, estava apenas há um ano em Santos, para onde mudou com a família. Apesar da pouca idade, lembra de um ano agitado pelas eliminatórias da Copa do Mundo, em que o Brasil viria a ser campeão no ano seguinte, e pelo regime militar, que governava o País. Mas nada foi tão marcante quanto o evento que reuniu todos na frente da velha TV, no apartamento da Rua Pindorama, no Boqueirão: a chegada do homem à lua.
“Todo mundo só falava disso, começou dois, três meses antes. No dia, lembro que foi demais, aquela expectativa. Foi à noite a transmissão, estava na sala com meus pais e irmãos. A televisão cheia de chuvisco, mas lembro bem do caminhar do (Neil) Armstrong na lua e quando ele cravou a bandeira. Hoje, não acreditam nessa façanha e acham que tudo não passa de uma grande farsa”.
A missão espacial Apollo 11 foi realizada pela Nasa, a agência espacial americana. A bordo do módulo de comando Columbia, Michael Collins, Buzz Aldrin e Armstrong foram os três astronautas enviados à lua. A inovação tecnológica resultou em uma série de novas invenções ao longo dos anos que tiveram os equipamentos da missão como base, incluindo o avanço dos computadores.
Milhões de pessoas no mundo estão convencidas de que o homem não pisou na Lua em 1969 e de que as imagens da Nasa foram gravadas em um estúdio de Hollywood.
Nem todos acreditam
Se recorre a argumentos variados: a Nasa é incapaz dessa façanha tecnológica, a missão não tinha seres humanos ou que nenhum homem teria sobrevivido às radiações durante a viagem. Todas essas ideias se baseiam em supostas anomalias detectadas nas fotos e nos vídeos da Nasa. Luz, sombras, ausência de estrelas.
Embora a comunidade científica tenha refutado com provas todas essas teorias, inclusive com imagens do local de pouso tomadas em 2009, o mito de uma grande mentira continua. Por que essa façanha atrai tantos céticos? Devido à sua importância, diz Didier Desormeaux, coautor de um livro sobre teorias da conspiração (“Le complotisme, décrypter et agir”).
“Este episódio da conquista espacial é um dos maiores marcos da humanidade, questioná-lo faz tremer os fundamentos da ciência e do domínio do homem sobre a natureza”, argumenta.
Um salto gigante
Cinquenta anos depois, um veterano da Apollo 11 regressou esta semana à lendária plataforma de lançamento para comemorar “um salto gigante” que se transformou em um momento histórico da humanidade.
“Nós, a tripulação, sentimos o peso do mundo em nossos ombros, sabíamos que todos estariam olhando para nós, amigos ou inimigos”, disse o piloto do módulo de comando, Michael Collins, no Centro Espacial Kennedy. Buzz Aldrin e Collins são os dois tripulantes ainda vivos. O comandante, o primeiro homem a pisar na lua, Neil Armstrong, morreu em 2012.