Tecnologia interfere no mercado de trabalho e revoluciona profissões

Necessidades do mercado mudam e o setor tecnológico é promissor, mas componente humano continuará relevante

Por: Fernando Degaspari  -  25/11/18  -  20:23
  Foto: Miguel Angelo/ CNI

Avanços em genética, inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, impressão 3D e biotecnologia são algumas das novidades trazidas pela Quarta Revolução Industrial. Isso faz com que habilidades e profissões mudem, em todo o planeta, para atender o mercado de trabalho. Um documento do Fórum Econômico Mundial, publicado na última semana, revela para onde os profissionais devem caminhar.

O relatórioO Futuro dos Empregosfaz uma análise objetiva desses mudanças. Após uma pesquisa internacional, o fórum apontou profissões promissoras ligadas à área da tecnologia, mas assegura que aquelas que cuidam do bem-estar das pessoas também estão e permanecerão em alta.

Engenheiro de software, analista de dados, desenvolvedor de aplicativos e especialista em e-commerce são algumas das funções que cresceram nos últimos anos e devem continuar assim, pelo menos até 2022.

"Como a gente tem uma transformação muito mais acelerada por causa da tecnologia, você precisa ter novas competências para exercer algumas dessas novas atividades. É isso que cria essas profissões exóticas", diz o professor universitário Cláudio Nunes, formado em Tecnologia em Processamento de Dados e Ciência da Computação e especializado em Engenharia Mecânica.

Antigas e conhecidas profissões também são citadas no documento. Advogado, corretor de imóveis e vendedor são alguns dos empregos que cresceram entre 2013 e 2017. Jornalista, contador, auxiliar administrativo e até analista de Tecnologia da Informação (TI) caíram nesse período.


O professor alemão Klaus Schwab já acredita na Nova Era da sociedade moderna
O professor alemão Klaus Schwab já acredita na Nova Era da sociedade moderna   Foto: Divulgação World Economic Forum

Nova Era


Segundo o professor alemão Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, a humanidade já entrou em uma nova era. "Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, seu alcance e sua complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes", diz, no livroA Quarta Revolução Industrial, publicado em 2016.


Humanização


Embora boa parte das novas profissões esteja ligada a computadores, Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party, maior feira mundial de inovação tecnológica, destaca a importância das pessoas na gestão das empresas.


"A gente entende que tudo isso está acontecendo, mas tem que entender que deve existir uma humanização da tecnologia. Se você não fizer com que o humano e o computador trabalhem juntos, você fica vendido. Não existe nenhum software de inteligência artificial que não dependa do ser humano", afirma.


Para Novaes, apesar da implantação da tecnologia, é preciso se preocupar com o humano
Para Novaes, apesar da implantação da tecnologia, é preciso se preocupar com o humano   Foto: Nirley Sena

De fato, itens como atendimento ao cliente, inovação, treinamento e desenvolvimento organizacional estão em destaque na lista do fórum.


A psicóloga e professora universitária Rita de Cássia Zaher Rosa Paul, especializada em Gestão de Recursos Humanos, vai na mesma linha. "Entendo perfeitamente que estamos caminhando, cada vez mais, para a era da tecnologia, que eu tenho o mundo na ponta do dedo e tudo é mais ágil. Só que a gente cai no antagonismo. Veja que a lista aponta profissões ligadas a relacionamento, porque a gente está indo para um caminho e perdendo a mão do outro. E isso já foi percebido".


"As pessoas vão ter que saber lidar com softwares. Mas as tecnologias são usadas para resolver problemas das pessoas. Aí entram as habilidades: empatia, entender as minorias. Isso é que vai fazer a diferença. Além de ter a parte técnica, o profissional tem que ter a parte de competências humanas", completa Alexandre Caramelo Pinto, mestre em Engenharia e Gestão da Informação, com experiência em TI e como professor universitário.


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