Saques e novos confrontos aumentam tensão no Chile

Manifestações enfraquecem o governo de Sebastián Piñera, que defende sanções contra desordem pública

Por: France Presse  -  28/11/19  -  19:52
Policiais combatem incêndio em Santiago: uma série de eventos graves foi registrada nos últimos dias
Policiais combatem incêndio em Santiago: uma série de eventos graves foi registrada nos últimos dias   Foto: France Presse

Saques, incêndios e confrontos constantes por todo o Chile entre manifestantes e uma polícia cansada e questionada elevam a tensão e enfraquecem o governo de Sebastián Piñera, após seis semanas de protestos.


Na noite desta quarta-feira (28), dezenas de manifestantes – a maioria jovens – invadiram o shopping Parque Arauco, um dos maiores e mais frequentados de Santiago. Alguns manifestantes roubaram extintores para apagar um incêndio em um dos pátios do setor onde estão as lojas de grife do shopping, no bairro de Las Condes.


Guardas e clientes do shopping se uniram para enfrentar os manifestantes, o que gerou brigas, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.


Manifestantes acionaram extintores em meio aos gritos contra o governo, e tentaram entrar nas lojas, enquanto funcionários baixavam as portas metálicas.


Durante a noite de terça e a madrugada de quarta-feira, uma centena de “eventos graves”, segundo o governo, foram registrados em várias cidades do país, com incêndios e ataques a ônibus, estações do metrô, escritórios de um jornal e um hotel tradicional em La Serena (norte), o que levou Piñera a advertir que “em muitos lugares a ordem pública foi quebrada”.


“A violência está causando danos irreparáveis”, acrescentou o presidente, em um pronunciamento no palácio do governo, na qual pediu ao Congresso para que sejam aprovadas leis para aumentar as sanções para aqueles que causam desordem pública, anunciando em seguida, que a partir da próxima segunda-feira, 2.500 novos policiais serão integrados ao trabalho de controle.


A nova noite de fúria afastou a tentativa do presidente de avançar em um plano de “reconstrução” do país, mergulhado desde 18 de outubro na pior crise social desde o retorno à democracia, em 1990.


Nenhuma medida social – como um aumento de 50% no valor básico da aposentadoria para todos os beneficiários em dois anos – nem o acordo político histórico para mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) conseguiram baixar os níveis de tensão no país, onde 23 mortos e milhares de feridos foram relatados desde o início dos protestos.


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