Só 15% dos fumantes conseguem largar o vício sozinhos, diz médico

Neste ano, apenas 12,2% dos brasileiros terá o hábito de fumar, segundo a Organização Mundial da Saúde

Por: Júnior Batista  -  09/02/20  -  11:39
Sociedade de Cardiologia alerta para os riscos do vício no Dia Mundial Sem Tabaco
Sociedade de Cardiologia alerta para os riscos do vício no Dia Mundial Sem Tabaco   Foto: Reprodução/Pixabay

Neste ano, apenas 12,2% da população mundial terá o hábito de fumar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E o número de fumantes caiu de 15,6% dos brasileiros, em 2006, para 9,3%, em 2018, segundo o Ministério da Saúde.


Mesmo assim, que ainda mantém o vício, tem muita dificuldade em largá-lo. “Apenas cerca de 15% dos fumantes consegue largar o vício sozinho, sem medicamentos ou suporte médico”, afirma o pneumologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Clystenes Odyr Soares Silva.


De acordo com ele, até 2023, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), proveniente, principalmente, por causa do cigarro, será a terceira maior causa de morte no mundo. A doença respiratória é caracterizada pela obstrução brônquica (dos brônquios) persistente, associada a uma inflamação crônica aumentada das vias aéreas em resposta a partículas e gases nocivos (como do cigarro).


Para o médico, o maior problema está no vício. “Tabagismo é uma doença. E é preciso de tratamento para tratar e se livrar dela. É uma dependência química, basicamente, da nicotina, que traz sensação de bem-estar. É como se a pessoa ficasse gratificada, com prazer ao fumar”, afirma.


Nesse sentido, há dois aspectos principais: o psicológico, companhia, fonte de prazer, bem-estar; e o químico, o mais difícil de se tratar por causa da nicotina. “Sem ela, a pessoa entra em abstinência, físsura, traz ansiedade, irritabilidade, piora condição emocional.


  Foto: Arte: Monica Sobral/AT

Motivos


Psicologicamente, a pessoa sempre vai arrumar uma “desculpa”. “Sou executivo, tenho três telefones. Sou aposentado, ninguém me liga. São pretextos que a pessoa usa, gatilhos, mecanismos psicológicos para manter o vício”, define.


Para se livrar, segundo ele, não há receita. Os parâmetros mudam de pessoa para pessoa, não tem receita (veja onde conseguir tratamento ao lado). “Mas, mantemos o tempo de um ano para definir a pessoa como ex-fumante. Mas, em maneiras gerais, é motivação e medicamentos. Infelizmente, muitos só buscam tratamento quando há alguma consequência”.


Hábito dificulta parar 


O designer gráfico Acir Tolezani, de 28 anos, fuma há cerca de 10 anos, cerca de metade de um cigarro por dia. Ele conta que o hábito associado às situações é que torna tão difícil parar de fumar. 


“Por exemplo, ao parar e pensar nas suas perguntas eu acendi um cigarro”, contou ele, por telefone.


As associações geralmente acontecem se ele está analisando algum projeto, após refeições ou eventualmente em momentos de lazer, como bares com amigos. “Assim que termino de jantar, já automaticamente acendo um cigarro. Mas, se eu precisar, por algum motivo, ficar em um local fechado em que não possa por algumas horas, não tenho problemas”, conta.


Uma amiga em comum, tradutora de 28 anos que prefere não se identificar, admite o vício, mas também associa ao hábito a piora. “Está sem fazer nada, cigarro. Terminei um trabalho, cigarro. Acho que isso é que piora tudo”, conta ela.


Os dois são unânimes em dizer que outra questão é o círculo social. “Parece que, quando você fuma, atrai amigos fumantes. E isso também dificulta”, afirma Tolezani.


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