São Paulo retoma rodízio normal a partir desta segunda-feira

Decisão foi tomada neste domingo, após taxa de isolamento social se manter estável mesmo com restrição radical ao tráfego nos corredores viários da capital

Por: Do Estadão Conteúdo  -  18/05/20  -  02:05
Pico de congestionamento da manhã desta segunda (11), de 1km, medido às 8h30, foi bem menor
Pico de congestionamento da manhã desta segunda (11), de 1km, medido às 8h30, foi bem menor   Foto: Bruno Ruas/FotoArena/Estadão Conteúdo

Após adoção de dois formatos distintos para tentar reduzir a quantidade de veículos nas vias e a circulação de pessoas, a cidade de São Paulo retoma, nesta segunda-feira (18), o esquema tradicional de rodízio de carros. A novidade foi anunciada em coletiva de imprensa excepcional, realizada neste domingo (17), pelo o prefeito de São Paulo, Brunpo Covas (PSDB). Estabilidade na quantidade de pessoas que aderiram à quarentena, mesmo com alternância de placas pares e ímpares, motivou a decisão.


Ele anunciou ainda que tenta antecipar os feriados de Corpus Christi (11 de junho) e Consciência Negra (20 de novembro) para ampliar o isolamento social. O prefeito apelou à população que fique em casa para conter o avanço do novo coronavírus. “São Paulo precisa desacelerar ainda mais o ritmo para diminuir o contágio. Me resta na manga o uso dos feriados municipais’, afirmou.  


A decisão foi tomada porque a ampliação do rodízio, para 50% da frota, não teve impacto no aumento do isolamento social. Segundo Covas, mesmo com menos veículos nas ruas, a taxa média de isolamento não subiu. “Mas isso não pode ser desculpa para as pessoas se sentirem à vontade para retomar a circulação pela cidade. Precisamos ampliar o isolamento, precisamos rápido e estamos ficando sem alternativa”, enfatizou o prefeito.  


"É um contrassenso o prefeito da cidade mais dinâmica do País, a cidade símbolo do trabalho, a cidade símbolo do empreendedorismo, pedir para a cidade parar, pisar no freio e se esforçar ainda mais para aperta o cinto. Esse é o meu pedido. Eu não vou me omitir. Essa é a minha escolha, o meu dever. É difícil acreditar que alguns prefiram que a população seja submetida a uma roleta russa. A indiferença diante da morte é indecorosa, é crime de responsabilidade, é contra a nossa Constituição Federal. Não há outro caminho neste momento em que estamos. Não há melhor vacina. Antes de pensarmos em abrir, precisamos parar", disse. 


Comparando a última sexta-feira (15), com a anterior, o ganho foi de apenas dois pontos percentuais no isolamento, de 48%, ante 46%. Mas quando comparada à média semanal, verifica-se que "ficamos na mesma linha insuficiente", disse o tucano. Neste sábado, 16, o Estado de São Paulo ultrapassou a China no número de mortes pela covid-19. Já são 4.688 vítimas, sendo 2.792 na capital.  


A cidade não vem conseguindo alcançar índices de isolamento considerados seguros para impedir a transmissão da covid-19, mesmo com as medidas adotadas pelos governos municipal e estadual e com a ampliação do rodízio de carros para 50% da frota desde a segunda-feira passada, 11. 


Na última semana, não houve um único dia útil em que o índice de isolamento social entre a população da capital tenha atingido o mínimo de 50%. Apenas fins de semana e feriados têm alcançado esse número ao longo do mês de maio. A última vez que a cidade de São Paulo teve esse nível de isolamento durante a semana foi há mais de um mês, em 15 de abril.


No sábado (16), o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado mostrou que os hospitais da capital já atingiram 89% de ocupação em leitos de UTI. Em 30 de abril, esse número também foi atingido e os pacientes da Grande São Paulo começaram a ser transferidos para o interior do Estado. 


O nível ideal de isolamento social defendido pelo governo do Estado é de 70%, enquanto 60% seria um índice "aceitável". No último dia 8, o secretário de Saúde José Henrique Germann já havia alertado que, caso esse número permanecesse abaixo dos 55%, haveria "problemas no atendimento aos pacientes". 


Na segunda-feira (11), Covas implementou o rodízio de 24 horas em toda a capital, na tentativa de aumentar o índice de isolamento social no município, após os bloqueios no trânsito terem fracassado na diminuição dessa taxa. A medida, apesar de ter diminuído o tráfego nos horários de pico, resultou em aumento de passageiros no transporte público. 


'Lockdown'  


Até a última sexta-feira, pelo menos 32 municípios da Grande São Paulo se declararam contrários ao "lockdown" (ou isolamento total) de acordo com levantamento feito pelo Estadão. O único prefeito da região que se mostrou favorável à medida foi Gabriel Maranhão (Cidadania), de Rio Grande da Serra. 


Logo A Tribuna
Newsletter