Opas alerta risco de 2ª onda de Covid-19 com reativação da economia

Organização Pan-Americana de Saúde avalia que retomada das atividades "apagaria a vantagem conseguida nos últimos poucos meses"

Por: Do Estadão Conteúdo  -  02/06/20  -  19:33
São Paulo registra mais de 25 mil mortes pela covid-19
São Paulo registra mais de 25 mil mortes pela covid-19   Foto: Imagem ilustrativa/Divulgação/Prefeitura de Santos

A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, advertiu, nesta terça-feira (2), para o risco de uma reabertura econômica precipitada após as quarentenas. Ela indica risco de provocar uma segunda onda de casos da Covid-19 que "apagaria a vantagem conseguida nos últimos poucos meses".


Durante entrevista coletiva virtual com autoridades da agência de saúde que é o braço regional da Organização Mundial de Saúde (OMS), Etienne pediu às autoridades que "pensem duas vezes antes de retirar medidas de distanciamento social". E também que levem em conta particularidades de cada região, nessa estratégia.


Ela informou que a região se aproxima dos três milhões de casos de coronavírus. "A curva epidemiológica continua a subir de modo acentuado em muitas áreas", notou. "Isso significa que mais pessoas estarão doentes amanhã do que hoje", ressaltou, lembrando que o distanciamento social é considerado ainda o melhor meio para conter o ritmo de disseminação do vírus.


A diretora da Opas disse que há atualmente uma crise em três frentes: de saúde, econômica e social, as quais precisam ser tratadas de modo simultâneo. Além disso, lembrou que a região das Américas representa mais da metade dos casos totais da doença no mundo.


Ela informou que, apenas na última semana, houve 732 mil novos casos da Covid-19 no mundo, sendo mais de 250 mil deles em nações da América Latina. Ainda assim, disse também que o impacto nas Américas é "severo, mas poderia ter sido pior".


A autoridade voltou a enfatizar que é crucial testar, traçar os casos, tratá-los e isolar os doentes. A autoridade disse que "mesmo que a capacidade de testagem não seja perfeita", muitos países na região possuem dados suficientes para monitorar onde o vírus se dissemina. "Isso deve orientar nossa tomada de decisões", argumentou, pedindo que as autoridades "não tomem decisões no escuro".


Etienne admitiu que a população mais vulnerável muitas vezes não conseguem fazer isolamento, já que precisam sair de casa para ganhar a vida. Ainda assim, enfatizou a necessidade de ser cuidadoso na liberação gradual das quarentenas, com um equilíbrio entre a questão da saúde pública e a economia. "É um equilíbrio difícil, mas não creio que seja impossível", disse, pedindo que os países implementem "um período de transição cauteloso" e também fortaleçam mais sua capacidade de realizar testes para doença e o número de leitos para atender aos doentes.


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