ONU denuncia execuções extrajudiciais na Venezuela

Alta-comissária destaca número 'surpreendentemente elevado' desses assassinatos

Por: France Presse  -  05/07/19  -  23:41
Bachelet pediu a dissolução das Forças Especiais mantidas pelo presidente Nicolás Maduro
Bachelet pediu a dissolução das Forças Especiais mantidas pelo presidente Nicolás Maduro   Foto: France Presse

A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou quinta-feira (4) o número “surpreendentemente elevado” de supostas execuções extrajudiciais cometidas pelas forças de segurança na Venezuela.


Em seu relatório depois da visita à Venezuela, de 19 a 21 de junho, Bachelet ressalta igualmente que “os grupos armados civis pró-governamentais conhecidos como coletivos contribuíram para a deterioração da situação, ao impor o controle social e ajudar a reprimir as manifestações”.


Em suas conclusões, a ex-presidente do Chile pede a dissolução das Forças Especiais (FAES), às quais ela atribui em particular a maioria dos 5.287 assassinatos extrajudiciais. As mortes teriam ocorrido, supostamente, devido à “resistência à autoridade”, durante as operações policiais em 2018.


“Entre 1º de janeiro e 19 de maio deste ano, outras 1.569 pessoas foram mortas, segundo as estatísticas do próprio governo, e outras fontes sugerem que os números podem ser muito maiores”, ressalta Bachelet.


Esses dados foram fornecidos ao gabinete de Bachelet pelo próprio governo venezuelano, disse uma porta-voz, Ravina Shamdasani. “Não tínhamos publicado até agora [...]. Foram enviados para nós em resposta direta a nossos pedidos”, disse. 


Além disso, há 793 pessoas arbitrariamente privadas de liberdade, diz a alta comissária.


A Venezuela atravessa uma profunda crise política há meses, com a disputa entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição ao lado do presidente interino autodeclarado, Juan Guaidó, reconhecido por cerca de 50 países.


O país também passa por uma grave crise econômica, agravada por um embargo de petróleo e por sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos para tentar tirar Maduro do poder.


“O governo se recusou a reconhecer a magnitude da crise até recentemente e não adotou as medidas apropriadas”, explicou o texto.


“O relatório apresenta uma visão seletiva e abertamente parcial sobre a verdadeira situação dos direitos humanos” da Venezuela, afirmou o governo de Maduro em seus comentários.


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