Onça-pintada ganha projeto de monitoramento na Serra do Mar

Além dela, outros mamíferos ameaçados de extinção também serão monitorados. Programa é resultado de mais de 15 anos de pesquisa na Mata Atlântica

Por: Por ATribuna.com.br  -  24/11/20  -  07:30
Atualizado em 24/11/20 - 07:49
Onça-pintada pode desaparecer em 60 anos
Onça-pintada pode desaparecer em 60 anos   Foto: Divulgação/GMSM

A Serra do Mar recebe um dos maiores monitoramentos de mamíferos de grande porte já feitos no bioma Mata Atlântica e o primeiro em larga escala realizado nessa região. 


O Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar começa a monitorar e gerar dados para subsidiar planos de conservação de vários animais da região, como a anta (Tapirus terrestris), a queixada (Tayassu pecari) e a onça-pintada (Panthera onca). A expectativa é que as atividades em campo comecem a partir do ano que vem.


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O programa usa o monitoramento em larga escala. São 17 mil km² de atuação nos estados de São Paulo e Paraná – uma área equivalente a 11 cidades de São Paulo –, que integram o território da Grande Reserva da Mata Atlântica, o maior remanescente contínuo de Floresta Atlântica preservada do país.


De acordo com o pesquisador do IPeC Roberto Fusco, responsável técnico do Programa ao lado das pesquisadoras Bianca Ingberman e Mariana Landis, o Programa surgiu da necessidade de uma agenda integrada para monitoramento e conservação de grandes mamíferos. Isso porque o resultado de 15 anos de pesquisa na região indicou que a maior presença dessas espécies está em locais mais elevados e remotos, deixando muitas áreas de floresta demograficamente vazias de grandes mamíferos, inclusive em Unidades de Conservação.


“A preocupação com a ausência desses animais é pela viabilidade a longo prazo das espécies, que já estão ameaçadas de extinção. É um sinal de alerta. Grandes mamíferos necessitam de áreas extensas para sobreviver, são extremamente vulneráveis à perda de habitat e à pressão de caça, sendo os primeiros a desaparecem. A proposta, portanto, é oferecer dados robustos e de qualidade que indiquem onde essas espécies estão, se elas estão diminuindo ou aumentando, e como estão ocupando o território”, explica Fusco, que é pós-doutorando na PPG ECO – UFPR e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).


Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar atua em várias frentes de ação
Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar atua em várias frentes de ação   Foto: Divulgação/GMSM


Frentes de ação


Para desenvolver o trabalho, o programa atua em quatro frentes de ação: Monitoramento, com coleta de dados de maneira científica e sistemática; o Planejamento de Conservação, para apoiar os tomadores de decisão nas ações de proteção e manejo; a Sensibilização, para gerar mais conhecimento e valorização da fauna da Mata Atlântica por toda a sociedade e, por fim, a Rede de Monitoramento.


Esta frente é uma estratégia de ação multi-institucional e colaborativa, que visa integrar e fortalecer os esforços existentes de conservação na região através da articulação de diferentes atores de conservação (gestores, pesquisadores, população local, praticantes de ecoturismo, montanhistas) dentro de uma agenda comum de monitoramento e conservação de espécies ameaçadas presentes na Grande Reserva Mata Atlântica.


Atualmente, a Rede de Monitoramento, conta com cerca de 20 membros, que contribuirão com levantamento de dados, equipes e outros recursos. Um dos membros, Caio Pamplona, chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Antonina-Guaraqueçaba, do ICMBio, reforça a importância da parceria. “Esse é um importante passo na proteção do maior contínuo de Mata Atlântica preservada do país. Para as espécies, é parte de um trabalho decisivo, principalmente para a onça-pintada, visto que a estimativa é de uma população de apenas 250 indivíduos, e que se nada for feito, em 60 anos podem desaparecer completamente no bioma. Integrar e distribuir esses dados em rede, será um grande diferencial para ações coordenadas e efetivas. Estamos felizes em contribuir”, finaliza.


Quem ajuda?


O programa é realizado pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e Instituto Manacá, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, WWF-Brasil e banco ABN AMRO, e conta com a parceria da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), a Fundação Florestal, o Legado das Águas – Reserva Votorantim, Fazenda Elguero, o Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (PPG ECO – UFPR) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).


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