MPF volta a pressionar a União sobre vazamento de óleo no Nordeste

Segundo órgão, Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional não teria sido colocado em prática

Por: Do Estadão Conteúdo  -  29/10/19  -  13:02
Multa por vazamento de óleo é de R$ 50 mi; cabe indenização a pescadores
Multa por vazamento de óleo é de R$ 50 mi; cabe indenização a pescadores   Foto: MATEUS MORBECK/AFP

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu, junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), no Recife, da decisão que negou o pedido feito pelas Procuradorias dos nove Estados do Nordeste para obrigar o governo federal a acionar, em 24 horas, em toda a costa da região, o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional (PNC). Segundo o Ministério Público Federal, ao contrário do que alega a União, tal plano não teria sido colocado em prática.


No recurso, são listados dez pontos que indicam que o PNC ainda não foi acionado, nos moldes da legislação, para combater as consequências do derramamento de óleo. O documento é assinado por procuradores dos nove Estados do Nordeste. Segundo eles, um dos pontos que indicaria que o PNC não foi acionado seria o não reconhecimento formal da "significância nacional do desastre ambiental", como prevê o protocolo.


A Procuradoria diz que tal ação é fundamental para "permitir a atuação coordenada de órgãos da administração pública e entidades públicas e privadas para ampliar a capacidade de resposta (...), e minimizar danos ambientais e evitar prejuízos para a saúde pública". "O PNC não foi acionado, muito menos implementado no País de acordo com a legislação e com a base científica que o fundamenta. Para além do desastre ambiental, tivemos o desastre de gestão da União que, até este momento, insiste em não fazer o que precisa ser feito", disse o procurador da República Ramiro Rockenbach, nesta segunda-feira, 28, no MPF em Sergipe.


As Procuradorias da região haviam se reunido para ajuizar, no dia 18, uma ação civil pública na qual alegavam que a União se mantinha "omissa, inerte, ineficiente e ineficaz" mesmo com a "extrema gravidade" do derramamento. O recurso reforça os pedidos para que a União seja obrigada a acionar em 24 horas o Plano Nacional de Contingência. O texto solicita ainda que um representante de cada órgão estadual de Meio Ambiente do Nordeste integre o comitê de suporte ao plano e cada um dos Estados tenha autonomia para fiscalizar as medidas.


Improviso


Também procuradora da República, Lívia Tinôco diz que o plano oferece um modelo de gerenciamento de crise. "O que estamos passando como impacto desse dano é uma crise grande, não precisamos e não devemos atuar na base do improviso. Precisamos de uma uniformização se deve ter o uso público das praias, porque tem estado proibindo e outros não declaram se há praias impróprias." Lívia afirma ainda que é necessário estabelecer um padrão para a limpeza do litoral.


A reportagem entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente Quando a ação foi ajuizada, a pasta afirmou que "as medidas do PNC e do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA) já estão em pleno funcionamento, com mais de 1.000 homens, helicópteros, aviões e barcos, tudo empregado nas operações de retirada de óleo venezuelano das praias do Nordeste, desde o início de setembro." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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