Moro fala sobre depoimento de porteiro e polícia volta a ouvir assessores de Carlos Bolsonaro

O nome de Bolsonaro tinha sido citado por porteiro do condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio, onde mora o presidente, atribuindo a "seu Jair" a entrada no local de Elcio Queiroz, acusado de matar a vereadora Polícia Civil volta a ouvir assessores de Carlos Bolsonaro

Por: Do Estadão Conteúdo  -  21/11/19  -  13:14
Jair Bolsonaro afirmou ter recebido informações da investigação no último sábado
Jair Bolsonaro afirmou ter recebido informações da investigação no último sábado   Foto: Palácio do Planalto/Divulgação

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, classificou de "disparate" o envolvimento do nome do presidente Jair Bolsonaro na investigação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). O nome de Bolsonaro tinha sido citado por porteiro do condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio, onde mora o presidente, atribuindo a "seu Jair" a entrada no local de Elcio Queiroz, acusado de matar a vereadora. O porteiro mudou a versão ao prestar depoimento à Polícia Federal (PF) na terça-feira, 19. "O envolvimento do nome do presidente é um total disparate", respondeu Moro, ao ser questionado sobre o recuo em entrevista à Rádio CBN nesta quinta-feira (21).


Segundo o ministro, o caso Marielle tem que ser investigado com "neutralidade e dedicação, sem politização". Moro também voltou a defender a federalização das investigações do caso. "Vendo esse novo episódio, em que se busca politizar indevidamente, na minha avaliação, claro que será decidido pela Justiça, mas o melhor caminho para uma investigação exitosa é a federalização", acrescentou.

Citando "testemunha fraudulenta" e reforçando "tentativa de politização", Moro afirmou ainda que "não é demérito das autoridades estaduais, mas é melhor que seja a federalização". "É uma avaliação objetiva, que para esse caso, é colocar a PF com expertise e reputação. Não é ministro que investiga nem diretor da PF. O que vai ter é um grupo de federais, com o Ministério Público Federal, e podem contar com apoio das autoridades federais para realizar uma investigação técnica e isenta", concluiu o ministro.


Polícia Civil volta a ouvir assessores de Carlos Bolsonaro


A Polícia Civil do Rio de Janeiro voltou a convocar para depor, depois de mais de um ano, pessoas ligadas à vereadora Marielle Franco e ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Os investigadores tentam entender melhor como era a relação entre os dois parlamentares, que eram vizinhos de gabinete na Câmara do Rio e teriam se envolvido em uma discussão no corredor do prédio.


Em 29 de outubro, no dia em que o Jornal Nacional, da TV Globo, revelou o depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, a viúva da vereadora, Monica Benicio, voltou a ser ouvida pela polícia. Segundo pessoas que acompanharam o depoimento, houve insistência em perguntas sobre Carlos.

Um ex-assessor da vereadora, que afirma ter discutido com o filho do presidente, também foi convocado novamente para falar sobre o episódio. Carlos teria tentado agredir um assessor de Marielle, e ela teria ameaçado chamar a segurança da Câmara para intervir. Carlos nega que tenha havido tentativa de agressão, diz que nunca brigou com Marielle e que o episódio com o assessor tratou-se de uma "discussão sem desdobramentos" .

A briga foi abordada em depoimentos de ex-funcionários de Marielle no início das investigações, quando o próprio Carlos foi ouvido pela polícia na condição de testemunha, mas havia sido deixada de lado ao longo de 2019. Carlos não é investigado neste caso nem foi chamado a prestar novo depoimento.

Em nota enviada à reportagem, o gabinete de Carlos disse que não tem nada a declarar sobre as apurações da Polícia Civil. "Ressalto que nunca houve brigas entre os parlamentares, não sei de onde você tirou esta informação. Ela não procede. O relacionamento entre o vereador Carlos Bolsonaro e a ex-vereadora Mariele Franco, sempre foi cordial e amigável."

Quanto ao episódio envolvendo o assessor, a equipe do vereador alegou que "a vereadora estava em seu gabinete e prontamente interviu com a cordialidade que lhe era peculiar."

Até o momento, as investigações apontam para o envolvimento dos ex-PMs Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa, presos desde março. A Procuradoria-Geral da República apontou o ex-deputado e conselheiro licenciado do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, como provável mandante. 


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