O governo do Amazonas orientou a prefeitura de Itacoatira, município do interior do estado, a abrir valas para enterrar seus mortos. A medida foi mencionada por não haver previsão de chegada de cilindros de oxigênio em nenhuma cidade do interior.
A orientação é citada pelo Ministério Público Estadual, que entrou com uma ação civil pública neste sábado (16) para obrigar o envio de oxigênio para o município, que fica a 269 quilômetros de Manaus. A Justiça já acatou o pedido, alegando que se o envio não for feito, haverá morte de pelo menos 77 pessoas simultaneamente por falta de material.
O prazo para envio dos cilindros é de 12 horas, com multa de R$ 20 mil por hora de descumprimento. Segundo o MP, o secretário de Interior da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), Cássio Espírito Santo, chegou a oferecer câmeras frigoríficas ao prefeito da cidade, Mario Jorge Abrahim, orientando a abrir valas no cemitério local, uma vez que não há previsão para o fornecimento de oxigênio para o município.
Interior pede socorro
Dos 63 municípios do interior, apenas 11 têm hospitais, e nenhum dos hospitais possui leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo coma promotora de Itacoatiara, Marcelle Arruda, a demanda atual é de 150 cilindros por dia. Metade disso está sendo usada neste sábado (16). A promotora entrou pela manhã com uma solicitação de urgência ao governo estadual, frisando a ameança de morte iminente dos pacientes.
A promotora Lilian Almeida, de Macapuru, município a 100 quilômetros de Manaus, diz que a demanda diária atual é de 160 cilindros por dia, e hoje só há 44. "Todas as promotorias das comarcas do interior estão entrando com ações, estamos desesperados, é urgente que parte das doações ou compra de oxigênio do governo do Estado seja para Manaus e para o interior também. Há seres humanos morrendo aqui e sem esperança alguma", desabafa a promotora.
Em Parintins, que fica a 466 quilômetros de Manaus, a situação é parecida. Segundo a assessoria da prefeitura, só há oxigênio para os 80 pacientes internados por até dois dias. O prefeito da cidade anunciou que novos equipamentos comprados da Alemanha devem chegar na próxima segunda-feira (18), e eles serão montados em uma usina de oxigênio no único hospital público da cidade.