Governo do Amazonas sugere abrir valas para enterrar mortos no interior: 'Sem esperança alguma'

Diversas ações foram abertas pelas comarcas do interior no Ministério Público do Estado para cobrar recursos emergenciais

Por: Do Estadão Conteúdo  -  16/01/21  -  19:21
Atualizado em 16/01/21 - 19:22
Governo do estado não consegue chegar às cidades do interior, que demandam recursos com urgência
Governo do estado não consegue chegar às cidades do interior, que demandam recursos com urgência   Foto: Julcelmar Alves/Photopress/Estadão Conteúdo

O governo do Amazonas orientou a prefeitura de Itacoatira, município do interior do estado, a abrir valas para enterrar seus mortos. A medida foi mencionada por não haver previsão de chegada de cilindros de oxigênio em nenhuma cidade do interior.


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A orientação é citada pelo Ministério Público Estadual, que entrou com uma ação civil pública neste sábado (16) para obrigar o envio de oxigênio para o município, que fica a 269 quilômetros de Manaus. A Justiça já acatou o pedido, alegando que se o envio não for feito, haverá morte de pelo menos 77 pessoas simultaneamente por falta de material.


O prazo para envio dos cilindros é de 12 horas, com multa de R$ 20 mil por hora de descumprimento. Segundo o MP, o secretário de Interior da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), Cássio Espírito Santo, chegou a oferecer câmeras frigoríficas ao prefeito da cidade, Mario Jorge Abrahim, orientando a abrir valas no cemitério local, uma vez que não há previsão para o fornecimento de oxigênio para o município.


Interior pede socorro


Dos 63 municípios do interior, apenas 11 têm hospitais, e nenhum dos hospitais possui leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo coma promotora de Itacoatiara, Marcelle Arruda, a demanda atual é de 150 cilindros por dia. Metade disso está sendo usada neste sábado (16). A promotora entrou pela manhã com uma solicitação de urgência ao governo estadual, frisando a ameança de morte iminente dos pacientes.


A promotora Lilian Almeida, de Macapuru, município a 100 quilômetros de Manaus, diz que a demanda diária atual é de 160 cilindros por dia, e hoje só há 44. "Todas as promotorias das comarcas do interior estão entrando com ações, estamos desesperados, é urgente que parte das doações ou compra de oxigênio do governo do Estado seja para Manaus e para o interior também. Há seres humanos morrendo aqui e sem esperança alguma", desabafa a promotora.


Em Parintins, que fica a 466 quilômetros de Manaus, a situação é parecida. Segundo a assessoria da prefeitura, só há oxigênio para os 80 pacientes internados por até dois dias. O prefeito da cidade anunciou que novos equipamentos comprados da Alemanha devem chegar na próxima segunda-feira (18), e eles serão montados em uma usina de oxigênio no único hospital público da cidade.


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