França suspende todos os voos com o Brasil

Decisão foi por causa da preocupação com a variante brasileira da Covid-19

Por: Estadão Conteúdo  -  13/04/21  -  15:50
Atualizado em 13/04/21 - 15:58
Ligação está suspensa desde primeiras semanas da pandemia de covid-19
Ligação está suspensa desde primeiras semanas da pandemia de covid-19   Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

O governo francês decidiu suspender 'até novo aviso' todos os voos entre Brasil e França por causa de preocupações em torno da variante brasileira da Covid-19, conforme anúncio nesta terça-feira (13) o primeiro-ministro Jean Castex.


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"Constatamos que a situação está se agravando e por isso decidimos suspender até novo aviso todos os voos entre Brasil e França", explicou o chefe de governo durante sessão de perguntas na Assembleia Nacional.


Pressão


A pressão para suspender os voos para o Brasil cresceu na França O líder da oposição conservadora na Assembleia Nacional, deputado Damien Abad, disse nesta terça-feira que o fechamento das fronteiras é "útil e absolutamente necessário", no momento em que especialistas alertam sobre a gravidade da pandemia no Brasil e recomendam a adoção de um isolamento obrigatório e vigiado de pelo menos dez dias a todos os viajantes provenientes do país.


O pediatra Rémi Salomon, presidente da comissão profissional de médicos que trabalham nos 39 hospitais públicos da região parisiense, defendeu que a França faça como Portugal, que interrompeu temporariamente voos provenientes do Brasil.


Até o momento, a variante brasileira P1 representa apenas 0,5% dos casos diagnosticados no território francês. Mas devido à falta de controle da epidemia no Brasil, as mutações tendem a se multiplicar e se tornar resistentes às vacinas, advertem os especialistas.


O ministro francês dos Transportes, Jean Baptiste Djebbari, havia afirmado na segunda-feira que a França é obrigada a manter as conexões aéreas com o Brasil, segundo um parecer do Conselho de Estado, instância que avalia o cumprimento da Constituição. "O Conselho de Estado nos disse que cidadãos franceses e residentes na França, em nome da liberdade de circulação, devem poder continuar a vir, o que não foi o caso de Portugal ou de outros países", explicou.


Ameaça


O jornal Le Parisien entrevistou vários médicos sobre os riscos que representam as variantes brasileiras. O epidemiologista Antoine Flahault, da Universidade de Genebra, destacou que apesar de a cepa britânica ser atualmente predominante no território francês e nos países europeus, uma mutação vinda do Brasil pode ser a próxima ameaça às campanhas de vacinação na Europa.


"A cepa P1, de Manaus, matou milhares de pessoas na Amazônia, mas agora existe também a variante P2 e a terrível Belo Horizonte, que combina 18 mutações", diz o diário francês. Rémi Salomon também defende nas páginas do Parisien um reforço dos controles nos aeroportos e uma quarentena compulsória dos viajantes.


Atualmente, a entrada de brasileiros ou de europeus provenientes do Brasil foi restringida a mil pessoas por semana nos países da União Europeia, mas basta uma dezena de casos positivos para que a forma mais agressiva da covid-19 se espalhe no bloco.


O virologista Bruno Lina, membro do conselho científico que assessora o presidente Emmanuel Macron, disse ao jornal francês que a variante brasileira é mais perigosa do que a britânica porque escapa da vacinação. O mesmo acontece com a variante sul-africana.


Enquanto a P1 brasileira é responsável por 0,5% dos casos na França, a cepa sul-africana chegou a 5%. Bruno Lina critica a falta total de controle da epidemia no Brasil, que cria o ambiente para a emergência de mutações do vírus resistentes aos anticorpos produzidos pelos imunizantes, desenvolvido em tempo recorde. (Com agências internacionais)


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