Especialistas apontam que maré baixa também tem seus riscos

Ventos em direção Nordeste paralelos à costa têm provocado um fenômeno incomum: o recuo de até 50 centímetros no nível do mar da região. Raros, causam cenas curiosas, como a reaparição de faixa de areia na Ponta da Praia e destroços de embarcações.  

Um informe de recuo da maré foi emitido pelo Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Começou quarta-feira (28), com a redução de 30 centímetros do volume de água na Baía de Santos. As carcaças das embarcações Recreio, na Ponta da Praia, e de outro veleiro no Embaré ficaram novamente visíveis. O ápice será sexta-feira (30) de manhã, com retração de até meio metro no estuário.

O fenômeno é conhecido por Maré Seca ou Transporte de Ekman – nome derivado do pesquisador sueco Vagn Walfrid Ekman, que fez os primeiros estudos sobre a movimentação da maré. Acontece quando as águas do oceano são empurradas pelo vento durante a chegada de uma frente fria para longe da costa. 

A engenheira e coordenador do NPH, Alexandra Sampaio, explica que o fenômeno é mais comum durante o inverno, provocado por ventos intensos que retiram água da costa e fazem descer o nível do mar.

Alexandra afirma que os fenômenos climáticos podem tanto causar elevação quanto queda do nível do mar acima das previstas na tábua de marés. “Os riscos estão associados à navegação, pois podem tornar mais difíceis as operações de atracação e desatraca-ção e a navegação em locais rasos. Ou, até, impossibilitá-las, dependendo da intensidade do evento e das características locais”.

A especialista acrescenta, contudo, que a baixa da maré é favorável para limpeza, inspeção e manutenção de estruturas costeiras. A redução no nível do mar é temporária e se ameniza conforme o vendaval passa pela costa.

O último registro regional é de 13 de agosto de 2017, com maré negativa de 60 centímetros. Foi o menor desde 2012, quando a Praticagem de São Paulo iniciou a medição.