Especialistas alertam que largar o cigarro ainda é um desafio a muitas pessoas

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, avanços na legislação mostram pontos positivos

Por: Da Redação  -  29/08/19  -  17:46
Um levantamento do Vigitel mostra que 9,3% dos brasileiros fumam
Um levantamento do Vigitel mostra que 9,3% dos brasileiros fumam   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Após mais de quatro décadas fumando, o aposentado Josemilton de Souza e Silva, morador do Pae Cará, em Guarujá, decidiu largar o cigarro. Hoje com 69 anos, ele está há uma década livre do vício. Chegou a fumar quase três maços por dia, inclusive ao volante, durante as viagens, quando era caminhoneiro.  


“Olhei um dia para o maço, coloquei em cima da mesa e falei: não vou mais fumar. Nove meses depois, estava com uma rouquidão e descobri um tumor na garganta. Operei, tirei um pedaço e graças a Deus fiquei bom. Foi o cigarro, ainda bem que parei”. 


Largar sem ajuda, como fez Silva, não é fácil. Segundo o pneumologista Alex Macedo, há três situações que dificultam, mesmo quando há acompanhamento médico: a dependência química, a psicológica e o fator social.  


“Se pegar um grupo e fizer um tratamento, com todas as medicações, em dois meses 62% param de fumar. Mas, após um ano, só 25% continuam sem o fumo. O grande problema é que o tabagista espera tomar o remédio e acordar sem vontade de fumar. Isso não vai acontecer”.  


O médico lembra que o tabagismo está ligado a muitas doenças, como infarto, AVC, problemas circulatórios com amputações, doenças pulmonares e câncer de pulmão, esôfago, estômago e bexiga. 


Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 428 pessoas morrem por dia no Brasil devido ao tabagismo. Os dados mostram ainda que mais de 156 mil mortes anuais, principalmente por causa do câncer, poderiam ser evitadas.  


Lei paulista  


Apesar de ainda ser um problema de saúde pública, há avanços para se comemorar nesta quinta-feira (29), no Dia Nacional de Combate ao Fumo. Em São Paulo, por exemplo, a Lei Estadual Antifumo completa dez anos com 101,2 mil vistorias e 99,6% de cumprimento da legislação na Baixada Santista. As inspeções resultaram em 383 autuações na região. 


Desde agosto de 2009, quando a lei entrou em vigor, foram realizadas mais de 2 milhões de inspeções e 4 mil autuações no Estado.  


A diretora de Vigilância Sanitária de São Paulo, Maria Cristina Megid, comemora os avanços da lei. “Contribuiu para que os ambientes se tornassem mais agradáveis e saudáveis. Estudos demonstram a diminuição de infartos, AVCs e doenças pneumológicas no Estado nestes dez anos”.  


No Brasil  


Segundo dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, em 2018, 9,3% dos brasileiros afirmaram ter o hábito de fumar. 


Em 2006, ano da primeira pesquisa, esse índice era de 15,6%. Nos últimos 12 anos, a população entrevistada reduziu o consumo do tabaco em 40%.  


O Vigitel revela ainda que o perfil dos tabagistas vem mudando e a queda de uso do tabaco é significativa em pessoas de 18 a 24 anos (12% em 2006 e 6,7%, em 2018), de 35 a 44 anos (18,5% em 2006 e 9,1% em 2018) e entre 45 e 54 anos (22,6% em 2006 e 11,1% em 2018). As mulheres superaram a média nacional, reduzindo em 44% o hábito de fumar no período. 


Peça ajuda 


>Santos 


Os fumantes que quiserem ajuda contra o tabaco devem procurar a policlínica mais próxima de casa. Há grupos para apoio e tratamento. Nesta quinta-feira (29), a Prefeitura fará uma ação com o monoxímetro, aparelho usado para medir o grau de dependência entre os fumantes. Será na Rua Dr. Mário Graccho Pinheiro, 300, das 14 às 16h, no São Manoel, Zona Noroeste. 


>Guarujá 


Todas as Unidades de Saúde da Família (Usafas) oferecem tratamento. Além disso, os pacientes que procuram as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são encaminhados ao Serviço de Recuperação e Fisioterapia. 


>Praia Grande 


Conta com o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, que fica na Rua São Caetano, 400, Boqueirão, e dá apoio e orientação a quem precisa de ajuda para deixar tabagismo. 


>São Vicente 


Tem o Ambulatório Antitabagismo na UBS Central, com grupos, tratamentos e medicação. 


>Mongaguá e Itanhaém 


O interessado deve ir a uma Unidade de Saúde da Família (USF), colocar o nome em um livro de interesse e responder a algumas perguntas do profissional da unidade. 


>Outras cidades 


Bertioga e Peruíbe ainda não têm trabalho na área e Cubatão não enviou informações.  


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