Delegado diz que militares fuzilaram carro de família no Rio por engano: 'tudo indica'

Militares dispararam mais de 80 vezes contra carro e mataram músico de 51 anos

Por: De A Tribuna On-line  -  08/04/19  -  15:44
  Foto: JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, disse no último domingo (7), que "ao que tudo indica" os militares do Exército fuzilaram por engano o carro da família do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos - morto na ação realizada em Guadalupe, Zona Norte do Rio. De acordo com a investigação, os militares confundiram o veículo da vítima com o de assaltantes.


Segundo a perícia realizada pela Polícia Civil, o carro foi atingido 80 vezes. As cinco pessoas que estavam a bordo iam para um chá de bebê. Evaldo estava com a esposa, o filho de sete anos, o sogro e uma amiga da família.


O músico foi a única vítima fatal. O sogro de Evaldo, Sérgio, foi baleado nos glúteos e seu quadro é estável. A esposa, o filho e a amiga não tiveram ferimentos. Um pedestre que tentou ajudar a família ficou ferido, e ainda não há informações sobre seu estado de saúde.


A Polícia Civil realizou a perícia no local porque os militares tiveram dificuldade em realizá-la, segundo o delegado, devido à revolta dos moradores que testemunharam o crime. Os envolvidos foram ouvidos em uma delegacia militar.


Em entrevista à TV Globo, o delegado afirmou que militares realmente confundiram o veículo da vítima com o carro de bandidos. “Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares”.


Testemunhas afirmam que a família estava em um carro branco semelhante a outro veículo da mesma cor que havia passado no local momentos antes, possivelmente confundindo pelos militares.


Investigação


Militares envolvidos no caso foram ouvidos pelo próprio Exército. Por outro lado, a Polícia Civil, que apura o caso, vê indícios para prisão em flagrante, segundo informado pelo delegado Leonardo Salgado.


Vítimas não sabem de onde vieram os tiros


Uma amiga da família, que estava dentro do carro, disse que os militares não sinalizaram antes de abrir fogo, e por isso contesta a versão do Exército de que agiram em legítima defesa.


"Eu não vi onde foi o tiro, mas eu acho que foi nas costas. Só que a gente pensou que ele tinha desmaiado no volante [...] Saímos do carro, eu corri com a criança e ela também. A gente saiu do carro e mesmo assim eles continuaram atirando", afirmou por telefone à TV Globo.


Veja o comunicado oficial do comando Militar do Leste:


"A fim de realizar uma apuração preliminar da dinâmica dos fatos ocorridos, foi determinado pelo Comandante Militar do Leste que sejam coletados os depoimentos de todos os militares envolvidos, bem como ouvidas todas as testemunhas civis, o que está em andamento, nesse momento, na Delegacia de Polícia Judiciária Militar ativada na Vila Militar. O Ministério Público Militar já foi informado e está supervisionando a condução dessas oitivas".


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