Delator da Lava Jato teria lavado dinheiro para Grupo Silvio Santos, diz reportagem

Operador financeiro Adir Assad afirmou ter cometido prática ilícita envolvendo contratos fraudados de patrocínio esportivo

Por: De A Tribuna On-line  -  29/08/19  -  14:49
Operador relatou que mantinha contato com Guilherme Stoliar, hoje presidente do Grupo Silvio Santos
Operador relatou que mantinha contato com Guilherme Stoliar, hoje presidente do Grupo Silvio Santos   Foto: Reprodução

Um dos delatores da Operação Lava Jato teria confessado ter lavado milhões de reais para o Grupo Silvio Santos. A informação é oriunda de vazamento de coversas entre procuradores do Ministério Público Federal no aplicativo Telegram, obtido pelo The Intercept Brasil e analisado pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo site.


Segundo a publicação, o operador financeiro Adir Assad, que foi preso e depois passou a colaborar com a investigação, afirmou ter cometido a prática ilícita por meio de contratos fraudados de patrocínio esportivo. As afirmações estão em anexos de seu acordo de colaboração premiada firmado com integrantes da Operação Lava Jato.


Assad não citou o nome de Silvio Santos, mas colocou que Daniel Abravanel, sobrinho do proprietário do SBT, como um dos contatos e o uso da empresa que comercializa a Tele Sena.


Assad relatou a utilização do esquema, ao menos, em dois períodos distintos. No fim dos anos 1990, o operador diz ter firmado contratos superfaturados de patrocínio entre suas empresas e pilotos da Fórmula Indy e da categoria Indy Lights. O operador relatou que mantinha contato com Guilherme Stoliar, hoje presidente do Grupo Silvio Santos.


Ele estima que essa operação movimentou R$ 10 milhões naquele período. Ainda conforme a reportagem, os pilotos viabilizavam espaços de publicidade, mas sabiam das irregularidades nas transações.


Já em meados dos anos 2000, Assad diz ter feito contratos de imagem e de patrocínio na Fórmula Truck. O operador relatou que transferia aos esportistas uma parte dos valores e devolvia o restante do dinheiro ao SBT.


O depoimento aponta que a maior parte do dinheiro era devolvida em espécie a um diretor financeiro chamado Vilmar ( Bernardes da Costa, diretor financeiro das empresas de Silvio Santos) em um escritório do grupo, no centro de São Paulo.


A reportagem afirma ainda que a Liderança Capitalização, empresa responsável pela Tele Sena, pagou ao menos R$ 19 milhões para uma das firmas do operador, de 2006 a 2011. Essa segunda fase teria começado após acerto feito com Daniel Abravanel e com o pai dele, Henrique Abravanel, irmão de Silvio.


O relato com acusações ao grupo dono do SBT foi incluído na versão final do acordo de colaboração do operador, firmado em 2017 e homologado na Justiça. O caso seria enviado para a Justiça Federal de São Paulo. Detalhes do caso e da apuração permanecem sob sigilo.


Procurados pela reportagem, o SBT e o Grupo Silvio Santos afirmaram que não podem se manifestar a respeito por "desconhecerem o teor da delação" de Adir Assad. A defesa de Vilmar Bernardes da Costa disse que não pode se manifestar "sobre suposta delação sobre a qual não tem qualquer informação oficial".


*com informações do jornal Folha de S. Paulo


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