Conheça a trajetória do crítico de cinema Rubens Ewald Filho

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Por: Da Redação  -  20/06/19  -  10:15
Atualizado em 20/06/19 - 10:24
Santista era um dos maiores críticos de cinema no país e era comentarista de grandes festivais
Santista era um dos maiores críticos de cinema no país e era comentarista de grandes festivais   Foto: Irandy Ribas/AT

Rubens Ewald Filho nasceu em Santos, em 7 de março de 1945, filho de Rubens e Elza Ewald. Morou na Rua Alexandre Herculano, estudou no Ateneu Progresso Brasileiro, Colégio Santista e em quatro faculdades ao mesmo tempo: Direito, Jornalismo, História e Geografia.


Foi no último ano da faculdade de Direito que Juarez Bahia – seu professor de Jornalismo–o convidou para trabalhar em A Tribuna. O ano era 1967 e ele estreou fazendo crítica de cinema, permanecendo até os dias atuais. A primeira crítica feita por ele foi de Godard, em O Demônio das Onze Horas.


Em A Tribuna, Rubens também exercitou seu lado repórter, cobrindo Carnaval e participando da página chamada Jornal da Praia, editada por Chico Santa Rita e voltada para artes e espetáculos. De lá para cá, Rubens foi conquistando seu espaço nos mais importantes meios de comunicação do País, transformando-se em referência nacional para os amantes do cinema.


O jornalista foi pioneiro na imprensa brasileira, ao criar uma coluna diária com sinopses dos filmes a serem exibidos na televisão. O modelo, também utilizado pelo Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo, e acabou sendo adotado por quase todos os grandes jornais e revistas brasileiros.


Também foi o primeiro a editar guias de filmes e diretores, com sinopses e críticas sobre as obras lançadas em vídeo e em DVD.


Em 1975 e 1977, respectivamente, o crítico escreveu os livros Filmes de Hoje na TV e Dicionário dos Cinemas, este último único no gênero no País.


Depois veio o sucesso do livro de receitas O Cinema Vai à Mesa, escrito com a jornalista Nilu Lambert. Um best-seller que inspirou o É Beber Estrelas, também com Nilu, mas desta vez com drinques.


Para os cinéfilos, o crítico que mais entendia de sétima arte no País deixou publicada a obra Rubens Ewald Filho. O Oscar e Eu.


De Santos, Rubens mudou-se para a Capital, onde foi diretor do departamento de cinema de um canal de televisão especializado em filmes da Abril.


Trabalhou durante 35 anos no diário paulistano e, ao sair, percebeu que precisa diversificar sua carreira. Sua primeira experiência na televisão foi na TV Cultura, onde ficou por dez anos. Certa vez, em entrevista a este jornal, Rubens revelou que foi na TV que aprendeu a se ver, a tomar conhecimento de sua imagem e ter mais autoconfiança.


Na principal festa do cinema americano, Rubens marcava presença há muito tempo. Esteve à frente de transmissões brasileiras do Oscar em canais como Globo, SBT e pelo canal pago TNT. Seus conhecimentos cinematográficos surpreendiam a cada ano a quem acompanhava a transmissão da entrega do Oscar, quando ele, de improviso, comentava sobre qualquer personalidade da área que aparecia durante as transmissões.


A precisão das informações resultava de experiência adquirida como professor universitário, diretor de programação em emissoras de TV, ator, roteirista de cinema, autor de telenovelas e apresentador.


Além disso, Rubens foi correspondente internacional, acompanhando os principais festivais de cinema do mundo, como Cannes, Sundance, Veneza, Berlim e San Sebastian. No Brasil, era rotineiramente convidado para participar do júri nos principais festivais, como o de Gramado.


Rubens também entendia de teatro, e dirigiu muitas peças. Em 2008, recebeu o Troféu Pagu 50 Anos das mãos da diretora teatral Ney de Veneziano.


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