Conexão Portugal: Reviravolta no caso de Madeleine McCann

“Das milhares de pistas e potenciais suspeitos que surgiram no passado, nunca houve algo tão claro por parte não só desta polícia, como também das três polícias envolvidas”, diz a representante da família

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  12/06/20  -  22:47

A data era 3 de maio de 2007, no extremo sul de Portugal, mais precisamente na Praia da Luz, no Algarve, quando a menina britânica Madeleine McCann, com então quatro anos de idade, desapareceu do quarto do hotel onde dormia, enquanto os pais estavam com amigos em um bar próximo do hotel. Nessa altura,  seus pais puseram Madeleine e  seus dois irmãos gêmeos na cama e foram jantar a cerca de 100 metros de distância, com amigos, no Tapas bar do Ocean Club.


Aproximadamente às 21 horas, Gerry McCann verificou que os filhos se encontravam bem, mas, por cerca das 22 horas, Kate McCann encontrou a cama de Madeleine vazia e uma janela e uns estores abertos.
 
Um amigo avisou a recepção do Ocean Club, que alertou a Guarda Nacional Republicana (GNR) às 22h41. Funcionários e hóspedes do resort, juntamente com as autoridades, efetuaram buscas até as 4h30 e a polícia portuguesa e todos os aeroportos ibéricos foram notificados. O desaparecimento provocou uma enorme caçada da polícia em diversas partes da Europa. O custo da investigação também é enorme. Desde 2011, foram gastos mais de 11 milhões de libras (cerca de R$ 70 milhões) nas buscas por Madeleine.



Agora, treze anos depois do desaparecimento da jovem britânica, o caso ganha novos contornos e tudo indica que o culpado pelo desaparecimento e provável morte de Madeleine será finalmente descoberto. Tudo começou a mudar três anos atrás, quando o alemão de 43 anos Christian B., que já cumpre pena na Alemanha por outros crimes, entre eles, pedofilia e estupro de uma idosa norte-americana de 73 anos de idade em Portugal, no ano de 2005, ao assistir na televisão uma reportagem sobre os dez anos do desaparecimento de Madeleine, teria confessado a seu companheiro de cela que seria ele o autor do sequestro da menina. 


O então companheiro de cela avisou as autoridades, que passaram a investigar a fundo a vida de Christian B. e descobriram provas que podem ligá-lo ao sequestro. Foi averiguado que o novo suspeito viveu regularmente na região do Algarve entre 1995 e 2007, sendo empregado no setor de alimentação. Porém foi demitido por ter sido pego roubando e traficando drogas. 


No dia do desaparecimento de Madeleine, o alemão transferiu seu antigo carro, um Jaguar, para o nome de outra pessoa. Ele ainda tinha um trailer, onde costumava viver, dentro de um estilo de vida nômade. A polícia descobriu ainda que ele estava na região da Praia da Luz na mesma noite em que os McCann e que recebeu um telefonema às 19h32 daquele dia, que terminou às 20h02. Madeleine teria desaparecido entre as 21h10 e as 22 horas da mesma noite. 


A polícia divulgou dados do telefone do suspeito (+351 912 730 680) e do número usado para ligar para ele (+351 916 510 683). E disse que qualquer informação que vier do público sobre esses números pode ser “fundamental” para solucionar o caso. Para os investigadores, a pessoa que telefonou para Christian naquela noite é uma testemunha chave no processo e deve contactar a polícia. Existe ainda uma recompensa de 20 mil libras (R$ 128 mil) por informações que ajudem a condenar o suspeito.


O porta-voz da família McCann disse que os pais da menina, Kate e Gerry, acreditam que as novidades do caso são “potencialmente muito relevantes”. Clarence Mitchell, que representa a família desde o desaparecimento de Madeleine, disse que, em 13 anos do caso, ele não se lembra de ter visto a polícia ser tão específica ao tratar de um suspeito no caso. “Das milhares de pistas e potenciais suspeitos que surgiram no passado, nunca houve algo tão claro por parte não só desta polícia, como também das três polícias envolvidas”, disse Mitchell a BBC, em referência às investigações conduzidas também pelas polícias britânica e portuguesa.


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