Conexão Portugal: Portugal mais envelhecido

Para cada cem jovens, existem em Portugal 163,2 idosos

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  24/07/20  -  23:30

Foi assinalado, no último dia 11 de julho, o Dia Mundial da População. E para celebrá-lo, a Pordata, uma base contemporânea de dados, estatísticas oficiais e informações científicas de Portugal, lançou um raio-X da população portuguesa atual. Os números revelam que o país envelheceu e ficou com menos gente entre os anos de 2009 e 2019. Hoje, vivem em Portugal 10,3 milhões de pessoas, menos 282 mil pessoas, se comparado há dez anos. 


Em termos percentuais, a maior quebra verificou-se entre os mais jovens até os 15 anos, que eram, no ano passado, menos 222 mil do que em 2009, o que representa um decréscimo de cerca de 14%. Por outro lado, o número de idosos aumentou em cerca de 18%. Em 2019, havia quase mais 350 mil pessoas com 65 anos ou mais a viver em Portugal do que há dez anos.


Olhando para os números atuais deste retrato da população portuguesa, a presidente da Pordata, Luísa Loura, destacou que não está descrito no relatório divulgado a perda de população entre os 25 e 39 anos. “Nestes 10 anos, este grupo etário perdeu 530 mil pessoas, o que representa quase 25%”, disse Loura, complementando que este número não se explica com a quebra da natalidade, mas com a emigração. “Houve uma grande saída na altura da anterior crise econômica, mas mesmo depois da crise continuaram a sair muitos jovens”, acrescentou. 


Por falar em natalidade, os números mostram ainda que Portugal é o país da União Europeia onde nascem menos bebês. De acordo com dados divulgados pela Eurostat, em 2019 nasceram em Portugal 4,2 milhões de bebês, menos 2,2% que em 2018. A Irlanda foi o país com a taxa mais alta, 12,1 nascimentos para cada mil habitantes. 


Olhando mais atentamente aos números revelados recentemente para Portugal, a presidente da Pordata destacou também que existe uma tendência de mudanças nas constituições das família. Entre 2009 e 2019, foram cada vez mais as famílias monoparentais, onde apenas o pai ou a mãe assume a paternidade. Este tipo de família cresceu no país em 39% nos últimos dez anos. E os agregados domésticos com apenas uma pessoa cresceram 35% dentro do mesmo período de tempo. 


Luísa Loura não tem dados que  expliquem o aumento dos agregados constituídos por uma pessoa apenas, mas acredita que uma grande parte possa ser de pessoas idosas viúvas. Por outro lado, há cada vez mais os casais sem filhos (mais 15%) e cada vez menos os casais com filhos, que continuam, ainda assim, a representar a maioria dos agregados domésticos em Portugal. 


Também é decrescente o número de casamentos, que diminui em cerca de 7 mil durante o mesmo período. Em tendência oposta, a última década testemunhou um aumento dos nascimentos fora do casamento.


Os dados revelaram ainda que, se por um lado menos crianças nascem no país, por outro lado os idosos vivem mais. As mulheres geralmente tem o primeiro filho aos 30 anos de idade, dois anos mais tarde que há uma década. E metade dos portugueses tem mais de 45,5 anos de idade.


Para cada cem jovens, existem em Portugal 163,2 idosos. A longevidade nota-se na esperança de vida: em média, as mulheres que nasceram agora poderão viver para além dos 83 anos, mas os homens não chegarão aos 78. A média é de 80,9 anos para o sexo masculino.


Logo A Tribuna
Newsletter