Conexão Portugal: Hacker denuncia presidente do Benfica por esquema de corrupção no Brasil

Rui Pinto é um jovem hacker nascido em Vila Nova de Gaia, criador do Football Leaks e conhecido por uma série de revelações bombásticas sobre grandes figuras públicas

Por: Luiz Plácido - De Coimbra  -  19/09/20  -  22:50
“A lei vem para criar um ecossistema que até então não existia
“A lei vem para criar um ecossistema que até então não existia", avalia especialista   Foto: Adobe Stock

Para quem não sabe, Rui Pinto é um jovem hacker nascido em Vila Nova de Gaia, criador do Football Leaks e conhecido por uma série de revelações bombásticas sobre grandes figuras públicas – o que lhe rendeu a prisão, em 2019, por 90 crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão. Atualmente Rui Pinto aguarda julgamento em Portugal.


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Seu primeiro crime foi praticado em 2013, ao desviar € 264 mil do Caledonian Bank, após acessar o sistema informático da instituição bancária. O inquérito acabou sendo arquivado depois de um acordo entre Rui e o banco.


Em 2015, o hacker criou o site Football Leaks, inspirado pela divulgação do escândalo de corrupção na FIFA, em maio daquele ano, que levou à detenção de vários dirigentes e à posterior saída do suíço Joseph Blatter da presidência daquele órgão. A primeira grande polêmica do Football Leaks ocorreu com a divulgação do contrato do então treinador Jorge Jesus com o Sporting Clube de Portugal.


A última revelação bombástica de Rui Pinto envolve o Brasil e cita a empresa Promovalor, de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, em um alegado esquema de corrupção para a construção de um hotel no Brasil. Os documentos mostram que a Promovalor teria como parceiras a Odebrecht e o fundo de investimento Doyen.


De acordo com os jornais “Observador” e “Público”, que avançaram com a notícia, Rui Pinto garantiu ao Ministério Público (MP) ter tido acesso à documentação comprovando alegados pagamentos de subornos para viabilizar a construção do complexo hoteleiro, situado no litoral do Recife. A Odebrecht também é investigada em Portugal no âmbito da construção da Barragem do Baixo Sabor, por suspeitas de pagamento de contrapartidas de € 4,6 milhões, destinados a ganhar o concurso de construção.


O projeto imobiliário em questão no Brasil é o Reserva do Paiva, inaugurado em novembro de 2014 e que terá levado um investimento de mais de € 200 milhões. Segundo o “Observador”, o projeto é um dos vários investimentos imobiliários que está na origem de uma exposição de mais de € 760 milhões do Novo Banco ao Grupo Promovalor em 2018. De acordo com Rui Pinto, a Doyen, que se queixou de tentativa de extorsão de Rui Pinto, era um sócio “secreto” do projeto imobiliário.


Luís Filipe Vieira disse não comentar declarações e investigações e, ainda, que desconhece “sobretudo declarações vindas de alguém que já nos habituou a manipular informação, que dispara em todas as direções e que falseia repetidamente a realidade”, disse.


Rui Pinto disse que os documentos que comprovarão os alegados pagamentos de luvas foram-lhe exibidos por jornalistas da prestigiada revista alemã “Der Spiegel”, que, no entanto, nunca chegou a publicar a informação. Segundo Rui, a Intercept Brasil teve acesso aos mesmos documentos, mas também não publicou qualquer notícia.


Sobre o autor - Luiz Plácido é jornalista, apresentador do programa Destino Portugal(transmitido no canal de tv a cabo Travel Box Brazil) e proprietário da agência de turismo Destino Portugal Viagens. Ele escreve na coluna Conexão, do jornal A Tribuna, quinzenalmente, às quintas-feiras.


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