Conexão Portugal: De exemplo à tragédia, a covid venceu Portugal
Com as dezenas de exceções permitidas por lei, o confinamento não atinge metade da população e acaba por não ser eficaz contra o vírus
Portugal foi um exemplo durante a primeira onda. Em meio à pandemia, chegou quase a viver dias normais durante os meses de verão. Mas perdeu a mão e acabou por virar exemplo negativo durante esta terceira onda. Fato é que, se a vacinação não acelerar, muitas outras ondas atingirão o país, que é um dos piores da União Europeia na administração das vacinas.
Até aqui parece que a única medida que o Governo sabe tomar é a do confinamento. Porém, com as dezenas de exceções permitidas por lei, o confinamento não atinge metade da população e acaba por não ser eficaz contra o vírus. E o único resultado prático é a falência de milhares de estabelecimentos, que são obrigados a manter as portas fechadas.
O povo, por sua vez, nada faz. Apenas aplaude tudo o que as autoridades mandam fazer – enquanto, nos Países Baixos e em outras regiões da Europa, a população foi às ruas contra as novas medidas de confinamento impostas pelos seus respectivos governos. Em Portugal, tudo segue na maior paz e tranquilidade em relação a isso. O governo inclusive já acena com a possibilidade de manter o país confinado até o final de março e já avisou que bares e restaurantes não abrem antes da Páscoa, no mês de abril. Resta saber se ainda terão restaurantes, bares e cafés vivos até lá pra serem reabertos.
Até a última quarta-feira, Portugal recebeu 493.050 doses de vacinas da Pfizer. Desse total, 450.150 foram entregues no continente e o restante, nas regiões autônomas da Madeira e dos Açores. No país, muitos políticos, médicos e celebridades foram flagrados furando a fila da vacinação. E no dia 8, chegaram as primeiras 43.200 doses do imunizante da farmacêutica AstraZeneca.
Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, ainda nesta semana chegariam a Portugal mais 22.800 doses da vacina da Moderna. No primeiro trimestre, o país prevê receber 1,9 milhão de doses de vacinas, segundo a ministra. Parece muito, mas não é. Se olharmos para os últimos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, relativos ao dia 9 de fevereiro, 1,04% dos portugueses já receberam as duas doses da vacina – ou seja, estão completamente vacinados contra a covid-19. Significa que falta ainda vacinar 68,96% dos cidadãos para atingirmos a imunidade de grupo, segundo indicam os estudos do governo e do ministério da Saúde.
Com esses números atuais, Portugal é o 28º em doses administradas por 100 habitantes. Na Europa, estão à frente os Países Baixos (1,5%) e a Letônia (1,1%).
Mantendo o atual ritmo de vacinação, o objetivo de imunizar 70% dos adultos será atingido apenas em 26 de junho de 2025 – ou seja, o atual ritmo de 8.296 doses por dia está muito aquém do ideal e do que foi prometido à população.
Vale lembrar que, como membro da União Europeia, Portugal não pode comprar vacinas por conta própria. E é obrigado a esperar as diretrizes e a boa vontade do grupo para receber suas doses.
Portugal, até quarta-feira passada, registrava um total de 123.213 casos ativos, dos quais 4.387 nas últimas 24 horas. Os recuperados somavam 636.859, enquanto que 14.718 vieram a falecer em decorrência da doença, dos quais 161 nas últimas 24 horas. O primeiro caso foi identificado em março do ano passado.
